É grave a situação pela chuva em áreas do Espírito Santo, castigadas por volumes extremos de precipitação nos últimos dias. A chuva causa enchentes, transbordamento de rios e córregos, e ainda traz deslizamentos de terre e desmoronamentos em diversos municípios. Choveu muito por conta da atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) que despejou muita água ainda em partes de Minas Gerais e no Norte do estado do Rio de Janeiro.
Uma das localidades capixabas em que há maior preocupação com a chuva é o município de Nova Venécia, no Noroeste do Espírito Santo. A Defesa Civil Municipal emitiu um comunicado em que adverte para o risco de rompimento de represas e de inundação da cidade que já sofre com alagamentos.
A BR-101, no Norte do Espírito Santo, voltou a ser novamente interditada na manhã da segunda-feira. Em um trecho da rodovia que liga o Sul ao Nordeste do Brasil, no município de São Mateus, uma cratera se abriu. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), devido à erosão na pista, não há previsão de liberação.
Poucos minutos após comunicar a interdição no trecho em São Mateus, a Polícia Rodoviária Federal avisou também que no município de Linhares a BR-101 estava totalmente interditada, mas desta vez por alagamento da pista.
O município de São Mateus, no Norte do Espírito Santo, é um dos mais afetados pelas fortes chuvas que atingem o estado nos últimos dias. O prefeito Daniel Santana fez uma reunião de emergência com representantes da Justiça, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Defesa Civil e Secretariado e montou um plano de ação.
A prioridade máxima, lembrou o prefeito, é a preservação da vida humana, portanto, a primeira ação é reforçar o trabalho de evacuação das famílias que ainda resistem a deixar suas casas na Avenida Cricaré, Bairro Porto, onde houve um grande deslizamento de terra.
Volumes extremos de chuva. Vários pontos do Espírito Santo registram acumulados de chuva superiores a 100 mm nesta semana. Os maiores volumes se concentram na área de Nova Venécia, onde apenas nas últimas 72h a 96h a chuva somou até 220 mm em alguns pontos do município.
Zona de Convergência trará mais chuva
A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) vai seguir atuando no Sudeste do Brasil com orientação do seu eixo mais ao Norte da região e atingindo parte mais ao Sul do Nordeste do país. Com isso, os maiores volumes de chuva seguirão atingindo cidades do Norte e do Leste do estado de Minas Gerais assim como o Espírito Santo.
O mapa acima mostra a projeção de chuva para sete dias com base na rodada da 0Z de hoje do modelo meteorológico alemão Icon, disponível ao assinante da MetSul com até quatro atualizações diárias. O modelo projeta acumulados muito altos para parte de Minas e o estado capixaba, mas os acumulados em alguns pontos devem ser ainda mais elevados que o sinalizado pelo modelo.
A chuva deve seguir persistente e volumosa no Espírito Santo ao menos até o sábado. O alerta é válido também para a capital Vitória que deve ter períodos de chuva forte a torrencial com risco de alagamentos. No começo da próxima semana, entre o domingo e a segunda, espera-se que a instabilidade diminua e o tempo comece a apresentar melhoria.
O que é a ZCAS?
A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) é conhecida por uma faixa de nebulosidade que atravessa o Brasil. Este corredor de umidade, um verdadeiro rio atmosférico, tem uma orientação climatológica típica de Noroeste para Sudeste, estendendo-se da região da Amazônica até o litoral da Região Sudeste.
Em alguns casos, especialmente durante o verão, a orientação da ZCAS chega a levar a faixa de maior instabilidade até os litorais do Paraná e de Santa Catarina, o que explica o tempo às vezes muito chuvoso durante o verão no litoral catarinense enquanto o Oeste de Santa Catarina enfrenta estiagem e falta de chuva.
Os eventos de ZCAS são sazonais. São comuns entre os meses de novembro e março, ou seja, é um fenômeno típico de estação quente e podem durar até dez dias consecutivos, causando grandes volumes de precipitação nas áreas de atuação.
Tais eventos da Zona de Convergência do Atlântico Sul podem ser iniciados com a participação de frentes frias, que atravessam o Sul do Brasil e que ao chegarem na Região Sudeste passam a gerar convergência de umidade da região amazônica até o Oceano Atlântico.