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Vídeo divulgado por um piloto comercial argentino mostra o exato momento em que um raio atinge o radome (“bico”) da aeronave em pleno voo.

 Na publicação, o piloto esclarece que “quando isso acontece, é verificado o correto funcionamento do radar, dos equipamentos de rádio e dos instrumentos de navegação e, ao final do voo, é anotado na caderneta técnica a ocorrência”.

E ocorrências desse tipo são mais comuns do que se imagina e as aeronaves estão preparadas para este tipo de evento. 

As estatísticas indicam que cada avião comercial é atingido por um raio uma vez a cada 3.000 horas de voo e uma vez por ano. O ELAT, Grupo de Eletricidade Atmosférica do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), calcula que aviões comerciais são atingidos por relâmpagos uma vez por ano — e isso durante decolagem ou aterrissagem, quando estão em alturas abaixo de 5 quilômetros do solo. 

Mesmo assim não ouvimos falar de aviões caindo por raios. Por quê? Aviões são seguros e preparados para descargas elétricas.

Especialistas aeronáuticos destacam que há efeitos diretos e indiretos quando um raio atinge um avião. Os diretos são danos físicos ocasionados pela passagem da corrente elétrica na aeronave, enquanto que os indiretos são as interferências nos equipamentos eletrônicos devido ao campo eletromagnético que ocorre quando há uma descarga atmosférica. 

O primeiro geralmente é pontual e sem riscos, sendo inspecionado pelos mecânicos de aeronave quando a tripulação reporta “lightning strike“, enquanto que os efeitos indiretos são resolvidos com uma rápida reinicialização de sistema.

Com efeito, a forma e o tamanho das aeronaves podem atrair as descargas elétricas, mas os resultados, geralmente, não causam danos irreversíveis. Na grande maioria das vezes, o que acontece é que, ao adentrar uma nuvem ou mesmo voar próximo dela, um avião pode intensificar o campo elétrico e dar início a descargas, formando relâmpagos induzidos. 

Após formado, o raio pode vir de dentro de uma nuvem, da nuvem ao solo ou mesmo se formar entre duas nuvens.

Desde que um acidente atingiu  um Boeing 707 em 1963, nos Estados Unidos, a indústria aeroespacial modificou o projeto das aeronaves. Na época, um raio acertou em cheio o Boeing em pleno voo e ocasionou a explosão do tanque de combustível, resultando na queda do avião e morte de 81 pessoas. 

A partir daí, novas pesquisas foram conduzidas e a indústria remanejou o projeto dos aviões, modificando o sistema de combustível para praticamente eliminar os riscos de acidentes como esse.

Hoje, quando um raio atinge uma aeronave, causa, via de regra, no máximo danos parciais na fuselagem e nas antenas externas. 

Stuff NZ

Os sistemas eletrônicos das aeronaves geralmente são blindados para evitar interferências da radiação dos relâmpagos. Além disso, com o avanço das tecnologias aéreas, os pilotos conseguem antever condições climáticas e evitam voar próximos às nuvens carregadas.

Os modelos mais atuais, como o Boeing 787 Dreamliner, E-Jets da Embraer e o Airbus 350, não possuem fuselagem metálica, às vezes optando por materiais leves, como o plástico. 

A parte externa é uma cobertura ultrafina de malha de cobre ou mesmo tinta de alumínio espacial — desenvolvida especificamente para conduzir a eletricidade e garantir o efeito da Gaiola de Faraday que faz uma blindagem elétrica da aeronave.