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SBT/Reprodução

O Rio Grande do Sul vive um momento delicado da epidemia do novo coronavírus. Já foram confirmadas 1.141 mortes, sendo 40 apenas no dia de ontem (16). De acordo com os números da Secretaria Estadual da Saúde, até ontem eram 45.344 casos no Estado com incidência de 399 para cada 100 mil habitantes.

A situação é ainda mais delicada em Porto Alegre e na região metropolitana. A taxa de ocupação de leitos de UTI ultrapassou a marca crítica de 90%. São 5.860 casos na Capital, sendo mais de 700 confirmados apenas no boletim epidemiológico diário do dia de ontem da Secretaria Municipal da Saúde.

Ao informar que o Rio Grande do Sul terá uma sequência de dias de calor a partir deste sábado, as redes sociais da MetSul receberam comentários de que o calor será benéfico para frear a epidemia. Existem evidências científicas que apoiem este pensamento?

Os que sustentam que o frio é ruim devido às doenças respiratórias e que tais enfermidades na sazonalidade do inverno pressionam ainda mais o sistema de saúde, sobrecarregando a rede hospitalar, têm razão. Está comprovado que a temperatura baixa traz um aumento da incidência das enfermidades respiratórias todos os anos. 


Não é o caso, contudo, do coronavírus. Não há evidências até o momento que temperatura alta impeça ou diminua a disseminação do vírus. Veja o que está acontecendo nos Estados Unidos e na Europa, onde o verão climático começou em 1° de junho, logo faz um mês e meio, com muito calor.

Apesar do verão, os Estados Unidos vivem o pior momento da epidemia. Somente no dia de ontem foram confirmados no país 75 mil novos casos, recorde diário para qualquer país do mundo desde o começo da epidemia. O país teve uma grande onda em março com muitos casos na região de Nova York e agora enfrenta um crescimento dos casos no verão em quase 40 dos 50 estados. O crescimento de casos é galopante em estados como Califórnia, Flórida, Texas, Geórgia e Arizona.

Por outro lado, na Europa que teve o seu pico de casos no mês de março com graves situações em Itália, Espanha e Reino Unido, a situação hoje é muito mais tranquila. 

Curvas de casos na epidemia nos Estados Unidos (vermelho) e na União Europeia (azul) – Robert Rhodes

As curvas de tendência dos Estados Unidos e da União Europeia mostram que não é o clima o fator determinante na epidemia com cenários muito diferentes em duas grandes regiões onde é verão. 

Em 1° de junho, a MetSul noticiou um novo estudo publicado pela revista Science e conduzido por cientistas da Universidade de Princeton (EUA) sobre como a nova epidemia pode se comportar diante das condições meteorológicas.

Os cientistas dizem no estudo que neste estágio inicial de rápida disseminação mundial do vírus de forma pandêmica o clima não deve ter impacto relevante, mas que quando o novo vírus passar a ser endêmico nos próximos anos as condições do clima terão influência maior.

Os médicos alertam que não é possível contar com o clima e que as únicas formas de prevenção seguem sendo o distanciamento social, o uso de máscara e a higiene das mãos. 

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