A última semana terminou com imagens de um tornado que atingiu o município catarinense de Sangão com vento acima de 100 km/h. O fenômeno extremamente localizado provocou alguns estragos na localidades, como destelhamentos.
De acordo com a Defesa Civil local, o tornado destelhou ao menos vinte casas no município de Santa Catarina. Além disso, prédio público que abrigava um ginásio de esportes ficou totalmente destruído pelo funil que chegou a virar uma carreta.
Este tipo de situação de tornado, corrente descendente (microexplosão) ou vendavais em áreas muito isoladas é bastante comum nesta época do ano. O ar quente é um dos fatores para a ocorrência de tempo severo e há em abundância durante o verão.
No Sul do Brasil, o risco de temporais nesta semana é maior nos estados de Santa Catarina e do Paraná. Embora a previsão seja de calor mais intenso no Rio Grande do Sul, os dois estados mais ao Norte terão maior presença de umidade na atmosfera.
Isso tornará o risco isolado de tempo severo da tarde para a noite maior assim como vai favorecer chuva mais frequente e com maiores volumes nos territórios catarinense e paranaense nos próximos dias.
Os mapas abaixo mostram a projeção do modelo norte-americano GFS para o índice CAPE desta segunda até o sábado. O CAPE (Convection Available Potential Energy) é um dos diversos índices de instabilidade usados em Meteorologia para se avaliar o risco de temporais.
Observe como a instabilidade será maior durante toda a semana sobre Santa Catarina e o Paraná enquanto no território gaúcho os índices sobem no decorrer da semana, mas sem valores elevados. A
A instabilidade aumenta à medida que sobe a umidade. Veja na comparação dos mapas de água precipitável pelo modelo GFS para segunda à tarde e quarta à tarde como aumentará a presença de umidade na atmosfera sobre o Rio Grande do Sul depois de um começo de semana com maior umidade em Santa Catarina e o Paraná.
Com efeito, o maior risco de temporais na semana vai se concentrar nos estados catarinense e paranaense ao passo que no estado gaúcho quaisquer ocorrências de temporais isolados serão muito isoladas e não numerosas.
O mecanismo que forma os temporais
A combinação de umidade mais elevada com temperatura alta proporciona que as condições se tornem propícias para a ocorrência de temporais isolados de chuva torrencial com elevados volumes em curto intervalo, vento forte e granizo nesta época do ano.
Estes temporais se dão principalmente da tarde para a noite, quando se formam nuvens de grande desenvolvimento vertical pelo aquecimento diurno que gera movimentos convectivos (ar ascendente) na atmosfera.
A convecção forma nuvens do tipo Torre Cumulus (TCu) e Cumulonimbus (Cb) que causam os temporais localizados e não raro muitíssimo isolados. Localmente, alguns destes temporais podem ser fortes a severos mesmo com risco de danos.
Quanto mais quente e atmosfera e menor a pressão atmosférica, maior é o potencial para haja a formação de nuvens muito carregadas e mais alta a probabilidade de temporais localizados de maior severidade. O ar quente e a umidade são os combustíveis para tempo severo e dias de calor mais intenso apresentam maior probabilidade de tempestades se a atmosfera não estiver muito seca.
Como consultar os mapas
Todos os mapas de índice de instabilidade e água precipitável neste boletim podem ser consultados pelo nosso assinante (assine aqui) na nossa seção de mapas. A plataforma oferece ainda mapas de geada, temperatura, risco de granizo, vento, umidade, pressão atmosférica, neve, umidade no solo e risco de incêndio e raios, dentre outras variáveis, com atualizações duas a quatro vezes ao dia, de acordo com cada simulação. Na seção de mapas, é possível consultar ainda o nosso modelo WRF de altíssima resolução da MetSul.