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Vários rios do Rio Grande do Sul entraram em cheia ao mesmo tempo com marcas históricas nas bacias do Taquari (foto), Caí e no Lago Guaíba. No Oeste, a cheia do Rio Uruguai é a maior em anos. | SILVIO ÁVILA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Perto de 30 mil gaúchos estão fora de casa devido às enchentes no estado. O último balanço oficial indicou 3.847 pessoas em abrigos públicos. Os desalojados, em casas de amigos e parentes, atingiam 24.096. O número de mortes confirmadas em razão das chuvas, enchentes e tempestades dos últimos dias permanecia em cinco.

Vário rios enfrentaram ou ainda estão em estado de cheias, todos com as suas nascentes na Metade Norte do estado, os acumulados de chuva apenas na última semana ficaram entre 200 mm e 300 mm em diversas localidades.

Os acumulados de chuva na última semana, e que levaram às enchentes, foram de 333 mm em Cambará do Sul, 328 mm em Serafina Corrêa, 303 mm em Cruz Alta e em Teutônia, 264 mm em Santo Augusto e Soledade, 277 mm em Canela, 264 mm em Soledade e 259 mm em Caxias do Sul.

Choveu ainda no mesmo período 249 mm em Bom Jesus, 240 mm em Santa Rosa e em Erechim, 236 mm em Passo Fundo, 232 mm em Lagoa Vermelha, 224 mm em Torres, 220 mm em Palmeira das Missões e 205 mm em Porto Alegre.

Com isso, entraram em cheia as bacias do sistema Taquari-Antas, Paranhana, Gravataí, Caí, Jacuí, Sinos e o Rio Uruguai, assim como o Lago Guaíba, em Porto Alegre. Dois rios tiveram cheias históricas e enormes proporções, o Taquari e o Caí. Veja a seguir onde o pior já passou e onde ainda está por vir nas enchentes.

Rio Taquari

O Rio Taquari atingiu na manhã de domingo (19) no Porto de Estrela 28,94 metros. Trata-se da quarta maior cota em 150 anos de observações e a terceira maior nos últimos cem anos. Somente é superada no último século pelos 29,98 metros de 1941 e os 29,62 metros da enchente de setembro deste ano no vale. Duas das três maiores cheias em um século do Taquari, assim, ocorreram com intervalo de apenas três meses (setembro e novembro de 2023). No momento, o rio baixou do seu pico em toda a sua extensão e o pior já passou.

Rio Caí

Já o Rio Caí alcançou no domingo (19) a cota de 9,01 metros em Montenegro, segunda maior cota desde 1940, conforme dados do Serviço Geológico Brasileiro (CPRM). Cota só é superada pela marca de 9,20 metros da enchente de 1941. Em São Sebastião do Caí, o rio atingiu a marca de 16 metros, a maior desde que a prefeitura local tem registros. Duas das três maiores enchentes no Vale do Caí desde 1940, portanto, se deram neste ano (junho e novembro). No momento, o rio baixou do seu máximo em toda a sua extensão e o pior já passou.

Rio Paranhana

O Rio Paranhana registrou suas cotas máximas entre a noite de sexta (17) e o começo do sábado (18) com cheia de grande proporção em cidades do vale, como Três Coroas e Igrejinha. Como rio de resposta muito rápida à chuva, baixou rapidamente após ter atingido o seu máximo no sábado. O pior, assim, já passou.

Rio dos Sinos

O nível do Rio dos Sinos alcançou 7,50 metros em Campo Bom na segunda-feira (20), segunda maior cota deste ano, abaixo dos 7,60 metros da enchente de junho. O Sinos já baixou no vale, embora ainda siga alto. Segue muito alto ainda em Canoas, perto de Porto Alegre, onde sofre o represamento do Guaíba. Assim, virtualmente em quase toda a bacia o pior já passou.

Rio Gravataí

O Rio Gravataí é formado pelo chamado Banhado Grande, que abrange os municípios de Santo Antônio da Patrulha, Glorinha, Gravataí, Cachoeirinha, Alvorada e Viamão. Em Gravataí, o nível está ao redor do pico da cheia. Nas últimas horas, o acesso à cidade de Cachoeirinha pela Avenida Assis Brasil teve que ser fechado. O Gravataí sofre com o represamento gerado pelo alto nível do Guaíba. Assim, o pior na maior parte da bacia já passou e os pontos críticos seguem mais próximos de Porto Alegre, no final da bacia.

Lago Guaíba

O Guaíba enfrentou a terceira maior cheia em 150 anos e a mais grave em 82 anos. O pico da cheia se deu às 8h da terça-feira (21) com o Guaíba atingindo 3,46 metros, a maior cota desde a grande enchente de 1941, somente superada pelos 4,76 metros de 1941 e os 3,50 metros de 1873. Após brevíssimo repique por vento Sul ontem, o Guaíba retomou a sua curva de baixa e estava com 3,04 metros na madrugada de hoje, devendo cair abaixo dos 3,00 metros da cota de transbordamento no Centro da capital ao longo do dia. Assim, o pior já passou.

Rio Uruguai

O Rio Uruguai enfrenta a maior cheia dos últimos anos. Chegou a 15 metros em São Borja e 17,05 metros em Porto Mauá. O Uruguai já baixou em todas as áreas do Noroeste do estado e da Fronteira Oeste até São Borja. O pico da cheia, contudo, ainda está por chegar em Uruguaiana e Itaqui, onde a enchente será grande. Portanto, o pior ainda não ocorreu em parte da Fronteira Oeste, embora na maior parte da extensão do rio pelo Rio Grande do Sul os picos de cheia já tenham sido alcançados.

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