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O mês de dezembro marca o começo do chamado verão climático que compreende o trimestre de dezembro a fevereiro assim como o início do verão astronômico que terá início às 18h48 do dia 21 de dezembro. É um mês importante para o comércio que pelo período de festas tem uma alta nas suas vendas assim como no turismo pelas viagens de fim de ano e na agricultura que avança com a safra de verão.

Dezembro começa pelo terceiro ano seguido com o fenômeno La Niña atuando. A última vez que pelo terceiro ano consecutivo o mês de dezembro transcorreu sob o fenômeno foi no ano 2000, quando do evento de La Niña de 1998-2001. A tendência, entretanto, é que no Pacífico Equatorial as anomalias negativas de temperatura da superfície do mar em dezembro não sejam tão significativas como as vistas em outubro e em parte de novembro.

O mês, historicamente, marca um aumento expressivo no número de dias de calor no Sul do Brasil e dos volumes de chuva no Sudeste do Brasil. No caso da temperatura, atente para a climatologia histórica de duas capitais.


Em Porto Alegre, por exemplo, a máxima média histórica de dezembro é de 30,0ºC, somente atrás das médias máximas de janeiro (31,0ºC) e de fevereiro (30,5ºC). Já na cidade de São Paulo, com base nas normais 1991-2020 da estação de Mirante de Santana, a média máxima de dezembro é de 28,3ºC, a terceira mais alta entre todos os meses do ano, atrás de janeiro (28,6ºC) e fevereiro (29,0ºC).

A maior parte do Sul do Brasil na climatologia não tem radical variação chuva durante o ano, mas no Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil há uma estação seca que tem seu auge no inverno e a chuvosa que se dá nos meses quentes do ano. Porto Alegre tem média de precipitação em dezembro de 112,1 mm enquanto em agosto é de 120,1 mm.

Na cidade de São Paulo, a chuva em dezembro tem média de 231,1 mm, a terceira mais alta média de precipitação mensal, apenas superada pela de janeiro (292,1 mm) e fevereiro (257,7 mm). Como comparação, em agosto a média é de apenas 32,3 mm. O mesmo ocorre na cidade de Belo Horizonte com 339,1 mm em dezembro (maior média entre todos os meses do ano na capital mineira) e somente 10m,6 mm em agosto.

A chuva é mais abundante nesta época do ano no Sudeste e no Centro-Oeste do Brasil por uma condição chamada de Zona de Convergência do Atlântico Sul, um corredor de umidade que vem da Amazônia e vai até o Sudeste que persiste por vários dias com chuva frequente e volumosa, geralmente desencadeado por uma frente fria.

No Sul, ao contrário, embora frentes frias que trazem chuva não deixem de atuar, os sistemas se tornam menos frequentes e costumam passar mais pelo oceano. A mudança principal que se dá no mês é o aumento da incidência de pancadas de chuva localizadas associadas ao calor e umidade, em regra da tarde para a noite e às vezes com temporais, o que gera irregularidade e variabilidade de volumes maiores que nos meses de inverno, quando a chuva tende a ser melhor distribuída.

Chuva em dezembro

Novembro terminará com chuva abaixo da média em quase todo o Sul do Brasil, exceção do Leste catarinense e paranaense, e na maior parte do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo ao passo que muitas áreas do Rio de Janeiro e do Norte e Leste mineiro acabarão o mês com chuva acima da média.

Em dezembro, por sua vez, o quadro não muda muito. A maior parte do Sul do país tende a ter chuva mais uma vez abaixo da média por influência do fenômeno La Niña. Áreas do Mato Grosso do Sul e de São Paulo também devem ter precipitação abaixo dos padrões históricos, entretanto, diferentemente de novembro, haverá locais em que a chuva deve ficar acima da média.

Na maioria das áreas do Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro a chuva deverá ficar acima da média com excessos localizados e possibilidade de acumulados no mês muito acima do normal em algumas cidades. O mapa acima mostra a projeção de anomalia de chuva do modelo norte-americano para dezembro.

No caso do Rio Grande do Sul, mais um mês a chuva ficaria abaixo da média (o que é diferente de ausência de chuva) na maioria das cidades gaúchas com óbvia repercussão negativa na agricultura. A chuva seria mais deficiente sobretudo em cidades mais a Oeste do estado.

A produção de milho deve ter estresse e se ressentir da falta de água em diversos municípios. Com dias mais quentes e chuva abaixo da média, acelera-se a perda de umidade do solo. O cenário é de risco principalmente em lavouras de sequeiro não irrigadas.

O modelo que melhor reflete a projeção da MetSul de precipitação para o mês de dezembro é o de clima do Met Office, da Inglaterra, que indica chuva abaixo da média na maior parte do Sul do Brasil, exceção de áreas mais a Leste de Santa Catarina e do Paraná, com chuva acima da média numa faixa que vai do Mato Grosso, passa por Goiás e se estende a Minas Gerais e ao Rio de Janeiro e Espírito Santo. São Paulo estará na transição das áreas com chuva acima e abaixo da média.

A chuva no Centro-Sul do Brasil varia muito de um ponto para outro nesta época do ano devido à natureza das precipitações, de origem convectiva pelo calor e a umidade. Por isso, temporais isolados podem trazer volumes muito altos de chuva em curto período em pontos isolados.

Isso acaba por contribuir enormemente para esta variabilidade de acumulados de chuva e que ao final do mês geram “ilhas” de chuva acima da média dentro de uma região com chuva abaixo da média. Estes temporais de verão não raro são intensos com ocorrência de vendavais e granizo.

Temperatura em dezembro

A previsão da MetSul é de temperatura próxima ou abaixo da média na maior parte do Centro-Sul do Brasil com maior probabilidade de anomalias negativas em áreas em que o mês será mais chuvoso no Centro-Oeste e no Sudeste.

O mapa abaixo mostra a projeção do modelo climático norte-americano CFS para dezembro de anomalia de temperatura. A maior probabilidade de temperatura acima da média é no Rio Grande do Sul, em particular no Oeste e no Sul gaúcho. Tanto pelo baixo número de dias de chuva como pela presença de ar muito quente no Centro da Argentina e no Uruguai.

Com períodos secos, áreas do estado gaúcho podem enfrentar alguns dias muito quentes com a temperatura ficando perto ou acima de 40ºC em alguns dias, notadamente mais a Oeste. Dias amenos ou agradáveis, que foram muito mais comuns que o normal até agora nesta primavera, tendem a ficar mais raros a partir de agora no estado gaúcho.

Há um razoável consenso entre os modelos de clima que o Centro e o Nordeste da Argentina devem ter agora em dezembro um mês bastante quente com temperatura muito acima da média em diversas províncias, repetindo este novembro que vai se encerrar com recordes de máximas para novembro em diversas cidades da província de Buenos Aires.

Isso nos leva a crer que parte do Rio Grande do Sul, pela proximidade geográfica, deverá ter um mês de dezembro mais quente que o normal em parte do seu território, notadamente em localidades situadas mais a Oeste. Assim, com mais calor que o normal e menos chuva, pontos da Metade Oeste gaúcha são os que mais devem experimentar estresse hídrico ao longo do mês de dezembro.

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