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Queimadas sob tempo muito seco em Sinop (MT) durante a temporada de baixa umidade no Brasil Central | Carl de Souza/AFP/MetSul Meteorologia/Arquivo

Umidade despenca em grande parte do Brasil e dispara o risco de queimadas. Este mês de julho sem registro de precipitação nos seus primeiros dez dias deflagra um quadro de secura do ar em uma extensa área do território nacional, especialmente no Brasil Central, com umidade relativa do ar muito baixa durante a tarde e um elevado risco de incêndio em vegetação.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), nesta semana que termina, os baixos índices de umidade relativa do ar foram freqüentes, sobretudo entre o Oeste do estado de São Paulo, Oeste de Minas Gerais (Triângulo Mineiro) e grande parte dos estados do Centro-Oeste. As marcas caíram abaixo dos 20% em grande número de municípios destas regiões.

Em Alto Paraíso de Goiás, por exemplo, a umidade relativa do ar baixou a 12% entre 14h e 16h de ontem. Em Campina Verde, Minas Gerais, a umidade foi de 12%. No estado de São Paulo o município de Votuporanga registrou 14%, Barretos 15% e Ibitinga teve 17%. Em Mato Grosso do Sul Coxim registrou 16%, Cassilândia 17% e Costa Rica 19%. Em Goiás, São Simão e  Jataí tiveram 16%, A secura do ar chegou a 18% em Goiânia. Em Mato Grosso, a umidade relativa do ar atingiu 14% em Campo Verde, 15% em Rondonópolis e 18% em Porto Estrela.

Longa sequência de dias de tempo seco

Os locais que têm registrado os índices mais críticos de umidade baixa, ao redor e abaixo de 20%, já completam uma semana com tempo por demais seco. Assim, trata-se de um período persistente de baixa umidade relativa do ar.


Projeção de muito baixa umidade para grande parte do Brasil durante a tarde neste fim de semana e nos próximos dias | Inmet

Do ponto de vista da climatologia, entretanto, não chega a ser fora do normal nesta época do ano, apesar de gerar grande desconforto a exposição a tantos dias secos, o que exige alguns cuidados por parte da população.

Um exemplo é o município de Cassilândia no estado do Mato Grosso do Sul, onde a estação meteorológica local do Instituto Nacional de Meteorologia registra umidade ao redor ou abaixo da cada 20% desde o inicio do mês, ou seja, dez dias seguidos de secura do ar.

Sem chuva, sem aumento da umidade

Enquanto não voltar a chuva, o quadro de tempo muito seco persistirá. Desde o dia 1° até agora não houve registro de chuva significativa  (10 mm/dia) nos estados do Centro-Oeste, grande parte do interior do Nordeste, Sul da Região Norte, grande parte do Sul do Brasil e da Região Sudeste.

A prolongada seqüência de dias de sol e com aquecimento diurno rápido tem tido um efeito de reduzir ainda mais a umidade, especialmente durante as tardes. Um sistema de alta pressão atmosférica cruzou parte do Centro-Sul do país no começo do mês e depois ficou posicionado no oceano, bloqueando a possibilidade do retorno da chuva.

Tal quadro de grande secura na maior parte do país, especialmente no Brasil Central, vai persistir enquanto não houver o avanço de uma frente fria de maior intensidade pelo território brasileiro, o que somente é possível caso haja o deslocamento de uma massa de ar polar mais forte com trajetória continental.

Risco de queimadas crítico

A persistência do tempo seco eleva muito o risco de queimadas em grande parte do país nos próximos dias. Os índices de risco de fogo em vegetação são particularmente altos no Centro-Oeste. As projeções indicam a piora do quadro nos próximos dias com a continuidade do tempo seco.

Risco muito alto de incêndio em vegetação no Centro-Oeste e em parte do Nordeste do Brasil | Centro Meteorológico Europeu

Os índices de fogo são muito altos em muitas áreas do Centro-Oeste e em alguns pontos chega a ser crítico, o que deve contribuir para um aumento notável no número de focos de queimadas na região dos biomas Pantanal e Cerrado. O ingresso de ar mais quente se somará ao tempo seco, agravando o risco de queimadas.

Previsão é de chuva seguir escassa

A previsão da MetSul é que a chuva deve seguir escassa e o quadro de tempo muito seco persistir em grande parte do Brasil. A área de tempo muito seco, contudo, diminuirá no decorrer da próxima semana.

Projeção de chuva para os próximos sete dias para o Centro-Oeste do modelo norte-americano GFS | MetSul

Isso porque se projeta o retorno da chuva para o Sul do Brasil e em parte do estado de São Paulo e do Mato Grosso do Sul, o que poderá levar alivio mesmo que por um curto período para essas regiões.

O quadro é diferente para localidades mais ao Centro do Brasil. As projeções para até 45 dias dos modelos da MetSul indicam o agravamento do quadro de tempo seco nas próximas semanas com a manutenção da secura. Em muitas localidades do Mato Grosso e de Goiás, a tendência é que nas próximas semanas não chova nada ou muito pouco.

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