Greenpeace/Divulgação

Hoje é o Dia da Amazônia e a realidade da floresta neste momento é de queimadas e de  fumaça que cobre a região e, transportada por correntes de vento, chega a outras regiões do país. A imagem abaixo do sensor ótico de aerossóis do satélite VIIRS mostra como a fumaça era muito densa no dia 3 de setembro sobre a região amazônica e chegava até o estado do Paraná, sendo reforçada na trajetória para o Sul pela fumaça das muitas queimadas no Pantanal.

Em razão da falta de chuva, a baixa dos níveis dos rios e o ar extremamente seco, o governo do Acre decretou situação de emergência no estado dias atrás. O decreto se dá momento em que os acreanos convivem diariamente com a fumaça cobrindo as cidades do estado do Norte do Brasil, o que afeta a saúde da população local. Somente na capital Rio Branco, mais de seis mil casos de doenças respiratórias foram registrados e com o agravante que o crescimento de casos se deu em meio à epidemia do coronavírus.

Em documento intitulado “O ar é insuportável: os impactos das queimadas associadas ao desmatamento da Amazônia brasileira”, o Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) se valeu de dados oficiais para estimar que 2.195 internações hospitalares ocorridas por doenças respiratórias no ano passado podem ser atribuídas às queimadas.

Destas, quase 500 internações foram de crianças com menos de um ano de idade, e mais de mil foram de pessoas com mais de 60 anos (idosos). Conforme o órgão, as internações representam apenas uma fração do impacto total das queimadas na saúde, considerando que milhões de pessoas foram expostas em 2019 a níveis nocivos de poluição do ar decorrentes das queimadas associadas ao desmatamento da Amazônia.

As queimadas, pela natureza do bioma, não ocorrem de forma natural na floresta amazônica como em outros biomas como o Cerrado, em que raios podem ser fator de ignição. No caso da floresta, o fogo tem a ação humana. As queimadas majoritariamente ocorrem após a derrubada de árvores, em regra de forma ilegal, a fim de preparar o terreno para agricultura, pastagem ou grilagem de terras. O pico das queimadas se dá a cada ano entre os meses de agosto e setembro.

A fumaça é rica em material particulado fino, poluente ligado a doenças respiratórias e cardiovasculares, bem como morte prematura. Crianças, pessoas idosas, gestantes e pessoas com doenças pulmonares ou cardíacas preexistentes são especialmente vulneráveis. A análise publicada fez uma análise estatística de dados oficiais sobre internações hospitalares, desmatamento, focos de calor e qualidade do ar, particularmente pela presença de poluentes fortemente associados às queimadas na região amazônica. As internações atribuíveis às queimadas duraram, em média, três dias.

No recém terminado mês de agosto, o estado do Amazonas teve o maior número de focos de calor de toda a sua história. Os números mensais do bioma, entretanto, ainda estão sob revisão pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais devido a um problema no satélite Aqua da NASA e os pesquisadores alertam que o balanço final pode ser ainda pior que o divulgado inicialmente.