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O último trimestre foi de estiagem severa no Oeste dos três estados do Sul país e com escassez de chuva também com chuva abaixo da média em São Paulo e Mato Grosso do Sul. No Sul do país, a estiagem tem castigado o setor agrícola com falta de umidade e solo e com a onda de calor extrema ocorrida em janeiro que afetou, especialmente, o Rio Grande do Sul a situação ficou ainda mais dramática. Em alguns municípios do Oeste do Rio Grande do Sul, o mapa de anomalia (acima ou abaixo da média) de precipitação do INMET do último trimestre expõe um déficit de 200 a 300 mm nos municípios gaúchos do Norte e Oeste, bem como no Oeste de Santa Catarina e Noroeste do Paraná.

A rede de dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) mostra que Palmeiras das Missões teve apenas 54 mm no acumulado mensal de novembro de 2021, seguido de 2,8 mm em dezembro e 72,6 mm em janeiro de 2002. Na soma do trimestre choveu 217,4, enquanto que o normal para o período seria 406 mm, ou seja, choveu pouco mais de 50% do normal.

Em Cruz Alta, o volume mensal de novembro a janeiro foi de 26, 57 e 60 mm respectivamente. No trimestre, o total de 143 mm é menor do que o volume normal de 399 mm. Portanto, choveu apenas 35% do esperado para o período. Em Porto Alegre os acumulados de chuva foram mais altos em relação ao interior do Estado. De novembro a janeiro choveu 366 mm, com 192,8 mm acumulados só no primeiro mês desse ano quando ocorreram vários temporais de chuva forte.

O normal para o período é 290,4 mm, ou seja, a chuva ficou 26% acima da média. O mês de janeiro de 2022 foi o mais chuvoso na Capital desde setembro de 2021.  Agrônomos afirmam que, em média, em uma condição ideal, deveria chover 7 mm/dia para que a lavoura se desenvolva plenamente.

No entanto, tendo que vista o acumulado do ultimo trimestre em Cruz Alta, a média diária de chuva foi de apenas 1,58 mm, bem distante do necessário para a agricultura. Essa condição climática é um dos fatores que explica as perdas e a quebra de safra em lavouras da região, sobretudo, no milho.

Palácio Piratini/RS

Na economia gaúcha, a estimativa da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS) é que o prejuízo seja de R$ 36,14 bilhões ao produtor. O impacto na soja é de R$ 29,51 bilhões no Valor Bruto da Produção (VBP), enquanto que no milho este valor já é de R$ 6,62 bilhões.

No entanto, as perdas financeiras podem ser maiores. Segundo o estudo da FecoAgro/RS, considerar a matriz insumo-produto, para cada R$ 1,00 gerado da porteira para dentro, outros R$ 3,29 serão gerados nos demais setores que atuam fora da porteira devido a este ganho de safra, pode chegar a R$ 115,67 bilhões só considerando a quebra nas duas culturas.

Estiagem no Sul está mais severa em 2022

 

Ao comparar os mapas de anomalia do trimestre NDJ de 2021/22 e 2020/21 a diferença é grande e mostra que o déficit de precipitação nos últimos 100 dias é muito maior que o mesmo período de 2020/2021. No ano passado, a chuva foi mais abundante no Norte/Nordeste do Rio Grande do Sul, na Metade Leste de Santa Catarina e em parte do Paraná.

Em contrapartida, chama a atenção os volumes muito acima da média neste último trimestre em parte do Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do Brasil. Os repetidos episódios de ZCAS desde dezembro têm sido responsáveis por acumulados excepcionais de precipitações com grandes volumes de chuva nessas regiões.

Enquanto que o déficit de precipitação no mesmo período do ano passado chegava a 300 mm abaixo do normal, em 2022 o saldo de chuva é positivo em grande parte da região central do país com volumes de 100 até 300 mm acima do normal. Pontualmente há áreas com quase 400 mm acima da média do período.

Influência que vem do Oceano Pacífico

O La Niña influencia o regime de precipitação e temperatura pelo segundo ano consecutivo após um breve período de Neutralidade climática no começo de 2021. Observando o mapa de anomalia da temperatura superficial do mar, TSM da segunda metade de janeiro de 2021 e 2022, é possível perceber que o fenômeno está mais intenso neste momento.

Além disso, a MetSul tem destacado que as águas mais frias no Pacífico Leste , região nino 1+2, tiveram frio persistente e chegaram a apresentar anomalia perto de -2°C no começo do ano, com intensidade moderada a forte e que tem impacto importante na irregularidade da chuva no Sul do país.

Outro fator que se sobrepõe ao La Nina é o índice de Oscilação Decadal do Pacífico (PDO na sigla em inglês), um dos mais importantes variáveis climáticos de grande impacto no regime de precipitação em todo o país, registrou o menor índice desde a década de 1950 em outubro de 2021.

Os efeitos da fase negativa da PDO têm como característica o aumento da ocorrência e intensidade da La Niña em detrimento da diminuição da ocorrência e intensidade do El Niño. No Brasil, fases negativas da PDO tendem a trazer períodos mais chuvosos e úmidos no Nordeste brasileiro. Ao passo que, no Sul do país há maior frequência de períodos de estiagem, principalmente no verão.