O Sudoeste do Rio Grande do Sul (áreas de Uruguaiana, Alegrete, Rosário do Sul, Quaraí e Santana do Livramento) tem sido a região mais castigada pelos recentes vendavais aqui no Estado. Foram dois episódios de vento extremo na região em menos de uma semana. O primeiro, na última terça-feira, e o segundo no domingo. Foram vendavais tão intensos que chegaram a proporcionar cenas inusitadas como caminhões de carga tombados e até o pouso de um monomotor na BR-290. O pior, contudo, são os estragos. Rosário do Sul experimentou graves danos pelo vento da última semana. Houve colapso de estruturas. O vento, seguramente, atingiu marcas entre 120 km/h e 150 km/h no município pelo nível dos danos. Obviamente que não se pode descartar a possibilidade de que tornados tenham passado pela região, mas a linha de instabilidade que atravessou o Estado era propícia a frentes de rajada, capazes de provocar vento extremo e danos estruturais severos.


Destruição em Rosário do Sul após vendaval vioolento da semana passada (fotos de Julio Lemos cedidas pelo jornal Rosariense)

O Sudoeste do Rio Grande do Sul pode ser novamente uma das áreas mais atingidas pelas condições de tempo severo que são esperadas para esta segunda metade da semana no Rio Grande do Sul. Altos índices de instabilidade sugerem o risco de chuva localmente forte a intensa na região hoje e amanhã com possibilidade de novos temporais isolados. Da tarde para a noite desta quarta, na quinta e na primeira metade da sexta as condições meteorológicas se deterioram muito nesta parte do Estado com volumes de chuva que até podem ser localmente extremos e alto risco de vendavais e granizo. A saída das 12Z de hoje do modelo americano indica altíssimos índice de instabilidade para Uruguaia (CAPE de até 3200 J/Kg e Lifted Index de -11) e ainda elevados volumes de chuva.


A MetSul Meteorologia torna uma vez mais a alertar que este período entre quarta e sexta no Rio Grande do Sul é muito preocupante. Tanto amanhã (quarta) como na quinta-feira a maior ameaça são os temporais com chuva localmente forte a intensa, vendavais (até fortes ou intensos com potencial destrutivo) e queda de granizo. Insistimos que o cenário é propício a algumas tempestades muito severas. Fato é que tanto amanhã como na quinta a instabilidade, que pode ser forte, estará no começo do dia mais concentrada sobre o Sul e o Oeste, mas, principalmente no Centro da Argentina e no Uruguai. Da tarde para noite a tendência é que as nuvens carregadas se desloquem pelo Estado. Este cenário é muito mais real para quinta-feira, quando os temporais tendem a ser mais generalizados e fortes. Entre a tarde e noite de quarta-feira e a primeira metade de quinta ainda haverá a atuação de corrente de jato de baixos níveis (mapas abaixo), agravando o risco de tempo severo e, especialmente, de vendavais fortes. Não apenas aqui no Estado (maior risco para o Oeste, Sul e Centro do Rio Grande do Sul), mas também no Uruguai.


Da tarde para a noite de quinta, o risco de tempo severo aumenta muito do Centro para o Norte do Estado, onde a atmosfera estará mais quente e com baixa pressão, com o avanço da instabilidade mais forte do Sul e da Fronteira Oeste. A quinta, aliás, será bastante abafada na Metade Norte com temperatura atipicamente alta na madrugada. Os modelos indicam a corrente de jato em baixos níveis com maior força no final da quarta e começo da quinta, o que traz a possibilidade, ademais, de fortes rajadas de vento Norte (o que explica a alta temperatura noturna projetada para o começo da quinta), sobretudo na área de Santa Maria e nos pontos mais altos do Sul e do Sudoeste do Estado.


Projeção de vento em 850 hPa (indicador do jato de baixos níveis) e dos índices de instabilidade CAPE e Lifted para Santa Maria (esquerda) e Porto Alegre (direita) a partir dos dados do modelo americano GFS

Se não bastasse, a sexta-feira também é motivo de enorme preocupação. Há o risco ainda de temporais de vento e granizo, mas a maior ameaça deve ser mesmo a chuva. Quase a totalidade dos modelos indica a possibilidade de volumes muito altos com acumulados até localmente extremos (100 mm a 150 mm em curto período) para a sexta-feira. Não se afasta chuva forte em nenhuma região do Estado na sexta, inclusive em Porto Alegre, mas os maiores acumulados, segundo as simulações, ocorreriam do Centro para o Oeste e o Norte do Rio Grande do Sul. Serão volumes capazes de provocar alagamentos ou, em casos mais extremos, até inundações. No decorrer da sexta, a instabilidade diminui pelo Sul e o Oeste, melhorando o tempo na maior parte do Estado no sábado.


Projeção de modelo analisado pela MetSul do risco de inundação/alagamento (flood risk) sinaliza alto risco para a sexta-feira no Oeste, Centro e Sul do Rio Grande do Sul

No Prata, a quarta-feira pode ser um dia complicado com risco de chuva forte em Buenos Aires e no Uruguai. Novos temporais de vento e granizo são esperados na região e alguns podem ser intensos a severos e com alto potencial de danos. As províncias centrais da Argentina (Buenos Aires, Santa Fé e Entre Rios, além do Sul e o Oeste do Uruguai vão ser as áreas mais vulneráveis. A instabilidade explode sobre o Uruguai na quinta, quando ar mais frio e seco se aproxima pelo Sul e encontra a atmosfera muito quente, úmida e de pressão atmosférica baixíssima. Já entre a madrugada e a manhã de quinta, os uruguaios devem enfrentar chuva muito intensa a extrema com volumes muito altos (capazes de produzir alagamentos e inundações), sobretudo do Centro para o Sul do país. Durante o dia a instabilidade muito intensa afeta também as áreas ao Norte do Rio Negro. É alto, ademais, o risco de temporais fortes de vento no Uruguai na quinta. As condições entre amanhã e quinta-feira no Uruguai serão equivalentes ao risco de alerta vermelho (alerta roja na classificação da Meteorologia local) pela potencial severidade da instabilidade. O tempo melhora no Prata na sexta-feira, quando a chuva intensa e os temporais estarão sobre o Sul do Brasil.