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Uma massa de ar frio vai derrubar a temperatura nesta semana no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul do Brasil. O ingresso do ar mais frio será proporcionado por três ciclones extratropicais e em dois momentos diferentes da semana. Por isso, agora no começo da semana, a influência do ar frio será menos abrangente e no final atingirá um maior número de áreas e com maior força.

Imagem de satélite da América do Sul neste domingo | METSUL

Neste domingo, como mostra a imagem de satélite do GOES-16, um pequeno ciclone podia ser visto sobre o Atlântico Sul, no litoral da Argentina, em latitudes da Patagônia. Este sistema não tinha maior influência no tempo do Sul do Brasil, mas vai começar a impulsionar ar mais frio do Sul em direção ao Rio Grande do Sul.

Ciclones, grosso modo, funcionam como “motores” para impulsionar ar frio mais para o Norte no Hemisfério Sul e para o Sul no Hemisfério Norte. No nosso caso, o giro no sentido horário do sistema faz com que ar quente rume para Sul a Leste do centro de baixa pressão e avance para Norte a Oeste do sistema.

Uma vez que os ciclones extratropicais estão sobre o mar, quando um sistema desta natureza está sobre o Oceano Atlântico perto da América do Sul acaba por fazer com que ar mais frio de Sul avance para Norte a Oeste do seu centro, sobre o continente. Quanto mais intenso for, mais ao Norte tende a chegar o ar frio que impulsiona.


É o que faz com que massas de ar mais fortes e impulsionadas por ciclones mais intensos no inverno consigam avançar pelo interior do continente até áreas da região amazônica, causando o que se denomina de “friagem” na região.

Este ciclone menor de hoje a Nordeste das Malvinas – que não oferece risco – é o “motorzinho” que levará o ar mais frio até o Centro da Argentina e o Uruguai e a se aproximar do Rio Grande do Sul neste começo de semana com queda de temperatura.

Primeiro ciclone. Ciclone extratropical nas imagens de satélite do GOES-16 posicionado a Nordeste das Malvinas neste domingo | NOAA/NASA

O segundo ciclone vai se formar na costa do Rio Grande do Sul nesta segunda-feira a partir do aprofundamento de uma área de baixa pressão que traz instabilidade no estado gaúcho. Será o segundo “motor” que garantirá o ingresso do ar frio no decorrer da segunda no Centro, Oeste e o Sul gaúcho.

Segundo ciclone. Projeção do modelo europeu mostra uma baixa se aprofundando a Leste do Rio Grande do Sul durante esta segunda-feira | METSUL

Com isso, a segunda-feira será mais amena na maior parte do estado gaúcho com uma tarde bastante agradável e sem o abafamento deste domingo. O Norte do estado é que segue com ar mais quente e com instabilidade. A terça-feira, inclusive, deve amanhecer com mínimas abaixo de 10ºC no Sul gaúcho, na Campanha, fronteira com o Uruguai.

Ocorre que um terceiro ciclone deve se formar na quarta-feira a partir de um centro de baixa pressão a Leste da Argentina e do Uruguai. Este sistema será o “motor” definitivo para impulsionar ar mais frio para o Sul do Brasil e que chegará ao Sudeste e o Centro-Oeste.

Terceiro ciclone. Projeção do modelo europeu mostra uma baixa se aprofundando a Leste do Rio da Prata na segunda metade desta semana | METSUL

Este terceiro ciclone da segunda metade da semana, conforme as projeções dos modelos, vai atuar em alto mar com pressão atmosférica ao redor de 990 hPa, assim não será um sistema muito profundo. Mas será suficiente para advectar o ar mais frio para latitudes menores no território brasileiro.

O campo de vento intenso deste ciclone vai ficar sobre o mar, mas o ingresso do ar mais frio na metade da semana no Rio Grande do Sul e na sequência em outras regiões pode ser acompanhado de vento moderado com rajadas em setores próximos da costa tanto do Sul como do Sudeste entre quarta e quinta.

Como é comum neste tipo de situação, os ventos intensos em mar aberto devem gerar swell (ondulação) que deve resultar em agitação marítima e risco de ressaca na orla em praias do Sul e do Sudeste do território brasileiro, do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro, na segunda metade da semana. A frente fria associada ao terceiro ciclone extratropical vai avançar bastante junto à costa do Brasil e conseguirá alcançar o Espírito Santo e o litoral da Bahia no final esta semana e no próximo fim de semana, onde pode provocar muita chuva.

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