Basta que haja uma ocorrência de vento destrutivo para que imediatamente se especule que a causa foi ciclone ou tornado, mas não apenas estes fenômenos provocam eventos severos de vento. O que ocorreu na manhã de hoje em cidades das Missões, conforme a análise preliminar da MetSul, não teve origem nem em ciclone nem tornados.

Um ciclone extratropical se formou no começo da semana, no domingo, no Atlântico Sul a Sul-Sudeste do Rio Grande do Sul e deixou o tempo apenas ventoso, sem causar estragos no Sul do Brasil. Este ciclone, na manhã desta quarta-feira, estava a milhares de quilômetros do território gaúcho. Para ser mais exato, no meio do Atlântico Sul e mais perto da África do que da América do Sul. Assim, ciclone não foi.

A ocorrência de danos em áreas muito extensas e não em faixas muito bem definidas em uma localidade assim como a duração mais longa do vento forte não são características de tornados. Todos os vídeos até agora disponíveis dos municípios atingidos por temporais na manhã de hoje nas Missões, no Noroeste do Rio Grande do Sul, mostram vento horizontal muito intenso com chuva torrencial e até granizo.

As características apontam que pontos do Noroeste do Rio Grande do Sul tiveram, sim, a ocorrência de downbursts, ou microexplosões atmosféricas. São correntes de vento violentas e descendentes que ao alcançar a superfície se espalham de forma radial com estragos. A força do vento neste tipo de fenômeno pode provocar danos comparáveis a de um tornado com rajadas em alguns casos tão fortes quanto 150 km/h ou mais. Salvo novas imagens que indiquem um padrão típico de tornado, downbursts foram a causa dos danos nas localidades mais atingidas por tempo severo na manhã de hoje no Rio Grande do Sul.