Violento temporal atingiu na noite de domingo a área do Taim, no Sul do Rio Grande do Sul. Várias casas das localidades de Cerrito e Santa Maria, ambas no distrito do Taim, tiveram danos. Moradores disseram à reportagem do jornal Agora do Rio Grande que o temporal durou aproximadamente meia hora. Algumas residências experimentaram danos estruturais severos com o colapso parcial. Telhados foram completamente arrancados. O dano mais significativo, contudo, se deu em um silo para armazenagem de arroz e que destruído completamente pela força do vento. Pedaços do silo, que estava sendo preparado para receber o arroz dentro de vinte dias, foram parar no outro lado da BR-471 (foto abaixo de Fábio Dutra do jornal Agora).
A imagem fala por si só em evidenciar que apenas extremamente forte poderia provocar o nível de estrago observado. Salta aos olhos na foto o detalhe que construções frágeis ao redor do silo não suportaram qualquer dano como o poste (à direita da imagem) e precária estrutura de madeira que ampara uma caixa d’água (à esquerda). Casas próximas do equipamento de armazenagem também nada sofreram. Fosse uma microexplosão ou vento horizontal violento (straight line wind) e dificilmente estas estruturas também não seriam afetadas. Os danos observaram uma trajetória e as evidências são fortíssimas de um tornado, o que foi descrito por moradores. Aliás, os danos observados na área são um tanto similares em magnitude a de um tornado com intensidade F2 na escala Fujita (vento de 181 a 253 km/h) registrado no estado americano do Alabama (EUA) em de março de 2007, que destruiu também um silo e arrancou telhados de casas (fotos do NWS/NOAA).
As condições atmosféricas eram propícias ao fenômeno na área atingida. Áreas de intensa instabilidade atuaram no final do domingo no Sul do Estado com estragos em muitos locais. Pinheiro Machado, por exemplo, teve 22 durante feridos durante desabamento da cobertura de um estande numa feira local. Imagens de radar da Aeronáutica do horário indicado para o tornado por moradores do Taim mostravam a presença de áreas de instabilidade com altos índices de refletividade na região.
A MetSul Meteorologia investigou nas últimas horas uma outra ocorrência possivelmente tornádica no Rio Grande do Sul, mas apenas confirmou uma nuvem funil. A colaboradora em São Lourenço do Sul enviou fotos de uma nuvem funil na tarde de sábado, contudo a presença de obstáculos nas fotos impede ver se a circulação alcança o solo. A informação de que houve danos na área levantou a suspeita de nossa parte de que poderia ter se convertido em tornado, mas em contato telefônico com o coordenador da Defesa Civil do Município apuramos que os estragos no bairro da Barrinha se deram durante um temporal à noite, em hora diversa do registro das fotos. Não há evidências, assim, que permitam concluir tenha sido tornado.
Cabe alertar que fenômeno severos de natureza tornádica, em regra muito localizados, podem se repetir nos próximos dias no Rio Grande do Sul, especialmente em localidades do Sul e da fronteira com o Uruguai, zona esta que está ao mesmo tempo sob influência da massa de ar extremamente quente do Sul do Brasil e da maior umidade presente atualmente sobre o território uruguaio. Com o forte aquecimento diurno e a atmosfera por demais aquecida, e ainda por cima úmida, cria-se o cenário propício para instabilidade muito intensa isolada que, eventualmente, pode dar origem até a fenômenos tornádicos.