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Tempestade severa causou estragos na cidade de Cascaval, no Oeste do Paraná. Houve registro de tempo severo com vento, chuva forte e granizo nesta quarta-feira em outras regiões paranaenses. A MetSul Meteorologia alertava desde o domingo para uma onda de tempestades que atingiria os três estados do Sul de ontem para hoje.

MANOEL TEIXEIRA/PREFEITURA DE CASCAVEL

O violento temporal, com chuva intensa e rajadas de vento destrutivas, atingiu a cidade de Cascavel perto do amanhecer. Eram 6h quando a tempestade se abateu sobre o município paranaense com intenso vendaval. Houve estragos em vários bairros e ao menos 45 mil imóveis estavam sem energia de manhã. Em todo o Paraná, mais de 100 mil unidades consumidoras ficaram sem energia elétrica hoje cedo, ou seja, perto de 400 mil pessoas.

Dezenas de árvores caíram e derrubaram postes e fios, além de placas de trânsito e de lojas em Cascavel. Houve o registros de destelhamentos de vários imóveis na cidade, residenciais e comerciais. Escolas municipais também sofreram danos e algumas suspenderam as aulas até o começo da semana que vem para que sejam feitos os reparos.

A Defesa Civil de Cascavel montou uma base para distribuir lonas na cidade. Um balanço parcial do órgão mostra que até o início da tarde de hoje houve 80 atendimentos e foram distribuídos nove mil metros de lona. A região do bairro Santa Cruz foi uma das mais atingidas pelo vendaval do final da madrugada.

O prefeito de Cascavel e o Corpo de Bombeiros sobrevoaram a cidade para verificar os pontos mais afetados pelo temporal. Segundo o gestor municipal, a prioridade agora é agilizar o atendimento das famílias. O sobrevoo permitiu às autoridades enxergar um rastro de destruição deixado pelo vento, posteriormente classificado como um tornado.

Vídeo registrou passagem de tornado

Imagens em vídeo de câmera do circuito interno de segurança registraram o momento em que o tornado arrancou o telhado de um posto de combustíveis em Cascavel. O registro foi deito em estabelecimento na Avenida Assunção, no Centro.

Nas imagens, gravadas às 6h13 de hoje, funcionários e clientes andam normalmente pelo posto quando são surpreendidos pelo vendaval repentino. Parte do telhado é arrancada e por pouco um motociclista não foi atingido pela estrutura que é destroçada pelo vento. Não houve feridos.

Múltiplas evidências de um tornado

Não foi um tornado que causou estragos pelo vento em grande parte da cidade de Cascavel, mas um vendaval associado à tempestade severa. Acompanhando a passagem desta tempestade, há múltiplas evidências de que houve a passagem de um tornado na área urbana do município do Oeste paranaense.

MANOEL TEIXEIRA/PREFEITURA DE CASCAVEL

MANOEL TEIXEIRA/PREFEITURA DE CASCAVEL

MANOEL TEIXEIRA/PREFEITURA DE CASCAVEL

MANOEL TEIXEIRA/PREFEITURA DE CASCAVEL

MANOEL TEIXEIRA/PREFEITURA DE CASCAVEL

Voo de observação identificou um rastro de maiores estragos deixados pelo vento dentro da área urbana. A severidade dos estragos que foi observada é consistente com tornado. Outro indicativo da passagem do fenômeno foi a duração muito curta que foi vista do vento destrutivo. Os danos são condizentes com um tornado entre o limite intermediário da categoria 1 com vento de 150 km/ou mais. A escala dos tornados vai até 5.

As condições atmosféricas eram, ademais, muito propícias à formação de um tornado para não dizer clássica de ocorrência do fenômeno no Sul do Brasil. Havia ar muito quente sobre o Oeste do Paraná enquanto pelo Sul e o Oeste avançava uma frente fria com massa de ar frio na retaguarda.

METSUL

Mais importante, sob a condição pré-frontal, uma corrente de jato (vento) em baixos níveis atuava com grande intensidade sobre o Oeste do Paraná no momento em que se deu o tornado na cidade de Cascavel.

Em termos leigos, a corrente de jato em baixos níveis é uma corrente de ar estreita encontrada na baixa atmosfera, normalmente em torno do nível de pressão de 850 hPa (ou cerca de 1500 metros de altitude), atuando entre um e dois quilômetros de altura.

METSUL

Ou seja, é um corredor de vento nas camadas baixas da atmosfera. Estas correntes de jato em baixos níveis (JBN) a Leste dos Andes trazem ar quente e costumam se originar na Bolívia ou no Centro-Oeste do Brasil.

O corredor de vento, em regra, tem uma extensão de centenas de quilômetros do Sul da região amazônica até a bacia do Rio Prata ou o Rio Grande do Sul, para onde transporta ar quente antes de frentes frias e ciclones.

Estas correntes de vento costumam acompanhar a ocorrência de tornados no Sul do Brasil porque geram uma maior divergência (cisalhamento) de vento na atmosfera, assim gerando as condições favoráveis para a formação dos funis destrutivos. Com o jato com grande intensidade no Oeste do Paraná, o cenário era extremamente propício para  tornados, como se viu em Cascavel.