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Outubro começou com o El Niño no limite de intensidade moderada a forte, apontam os dados da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos. As anomalias de temperatura da superfície do mar nos primeiros dias do mês pouco variaram em relação ao que se observou no final de setembro no Oceano Pacífico Equatorial.

NOAA

O mapa acima mostra o mapa de anomalias de temperatura da superfície do mar, de acordo com a NOAA, no dia 3 de outubro, em que se observa a tradicional faixa de águas mais quentes do que a média, característica do El Niño, na região equatorial.

O último boletim semanal sobre o estado do Pacífico da agência climática dos Estados Unidos indicou que a anomalia de temperatura da superfície do mar era de 1,5ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central.

Esta região é a usada como referência para definir se há El Niño e qual a sua intensidade. O valor está na faixa de transição de El Niño moderado (+1,0ºC a +1,4ºC) e El Niño forte (+1,5ºC a +1,9ºC).

O valor é inferior à anomalia de 1,7ºC registrada na semana anterior, que foi a maior nesta área do Pacífico neste episódio de El Niño até agora e a maior anomalia observada na região Niño 3.4 desde a semana de 9 de março de 2016, quando a anomalia foi de 1,8ºC.

Por outro lado, a região Niño 1+2, estava com anomalia de +2,8ºC, mesmo da semana anterior, em nível de El Niño costeiro muito forte junto ao Peru e Equador, aquecimento extremo do oceano na região que teve início no mês de fevereiro e que atingiu o seu máximo de intensidade durante o inverno. A maior anomalia de El Niño costeiro na região Niño 1+2 neste ano se deu na semana de 19 de julho com 3,5º C.

A agência de clima dos Estados Unidos declarou o El Niño ainda na segunda semana do mês de junho. O Bureau de Meteorologia (BoM), da Austrália, outro centro mundial de monitoramento do Pacífico, declarou o El Niño apenas em setembro por se valer de parâmetros de análise distintos dos norte-americanos.

Os australianos entendiam que, embora o critério de oceânico estivesse preenchido, a atmosfera ainda não estava respondendo como se estivesse em El Niño, o que, segundo o centro da Austrália, passou a ocorrer em setembro. O El Niño trata-se de um fenômeno oceânico-atmosférico em que há alterações tanto das condições no mar como da atmosfera, impactando o clima em escala global.

Evolução do El Niño

Veja a evolução do El Niño semana a semana desde maio até agora, conforme dados semanais divulgados pela NOAA para a região Niño 3.4, e observe como o fenômeno ainda se intensifica no Oceano Pacífico:

03/05/2023: 0,4ºC
10/05/2023: 0,5ºC
17/05/2023: 0,5ºC
24/05/2023: 0,4ºC
31/05/2023: 0,8ºC
07/06/2023: 0,9ºC
14/06/2023: 0,9ºC
21/06/2023: 1,0ºC
28/06/2023: 0,9ºC
05/07/2023: 1,0ºC
12/07/2023: 1,1ºC
19/07/2023: 1,1ºC
26/07/2023: 1,2ºC
02/08/2023: 1,1ºC
09/08/2023: 1,2ºC
16/08/2023: 1,3ºC
23/08/2023: 1,5ºC
30/08/2023: 1,6ºC
06/09/2023: 1,6ºC
13/09/2023: 1,6ºC
20/09/2023: 1,7ºC
27/09/2023: 1,5ºC

Anomalias entre 0,5ºC e 0,9ºC são de El Niño de fraca intensidade; entre 1,0ºC e 1,4ºC de moderada intensidade; de 1,5ºC a 1,9ºC de forte intensidade; e acima de 2,0ºC de muito forte intensidade ou Super El Niño.

No Super El Niño de 2015-2016, a maior anomalia semanal observada na região Niño 3.4 foi de 3,0ºC em 18 de novembro. Já no Super El Niño de 1997-1998, o máximo de anomalia nesta área do Pacífico atingiu 2,3ºC em dezembro de 1997 e no começo de fevereiro de 1998. No Super El Niño de 1982-1983, o máximo foi de 2,6ºC na última semana de 1982.

El Niño seguirá ganhando força

A tendência é de o fenômeno El Niño seguir influenciando o clima nos próximos meses e com perspectiva de as águas aquecerem ainda mais na porção Centro-Leste do Pacífico com a consequente intensificação do fenômeno.

IRI/COLUMBIA UNIVERSITY

O gráfico acima mostra a projeção de todos os modelos climáticos dinâmico e estatísticos processados pela Universidade de Columbia (IRI) para os próximos meses. De acordo com o conjunto médio das projeções, o máximo de intensidade deste evento de El Niño seria alcançado entre dezembro e o começo de 2024.

Com base na média dos modelos climáticos dinâmicos, que possuem maior índice de acerto, o pico de intensidade deste episódio de aquecimento do Pacífico teria anomalia em torno de 2,0ºC, ou seja, no limiar de um El Niño forte a muito forte.