Aldeões resgatam itens de casas danificadas após um terremoto de magnitude 5,6 que matou mais de 200 pessoas com centenas de feridos e outros desaparecidos na cidade indonésia de Cianjur | ADITYA AJI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Ao menos 252 pessoas morreram, 31 são consideradas desaparecidas e mais de 300 ficaram feridas no terremoto de magnitude 5,6 que abalou a ilha indonésia de Java, segundo um balanço atualizado divulgado nesta terça-feira pela administração da cidade de Cianjur.

Adam, porta-voz da administração da cidade – a mais afetada – e que como muitos indonésios tem apenas um nome, publicou o balanço atualizado no Instagram e confirmou os números à AFP. “São dados oficiais”, afirmou. O balanço anterior registrava 162 mortes.

As equipes de resgate procuravam ainda sobreviventes nesta terça-feira em meio à devastação provocada pelo abalo. O epicentro do terremoto da segunda-feira se deu nas proximidades da cidade de Cianjur, na província de Java Ocidental, a mais populosa do país.


Enquanto equipes de resgate retiram cadáveres dos edifícios destruídos, o foco era encontrar sobreviventes e chegar às áreas de difícil acesso devido aos bloqueios nas estradas. Dimas Reviansyah, socorrista de 34 anos, explicou que equipes utilizam motosserras e escavadeiras para abrir caminho entre árvores caídas e escombros até os locais onde acreditam que podem encontrar civis.

“Não dormi desde ontem, mas tenho que continuar porque há vítimas que não foram encontradas”, disse. O comandante militar da região, Rudy Saladin, afirmou que o número de pessoas sepultadas pode ser maior que o estimado.

Entre as vítimas há estudantes de internato islâmico. Muitas vítimas fatais foram sepultadas por deslizamentos de terra ou pelo desabamento de suas casas. “O quarto desabou e minhas pernas ficaram enterradas nos escombros. Tudo aconteceu tão rápido”, disse à AFP Aprizal Mulyadi, uma estudante de 14 anos.


Ele conseguiu escapar graças à ajuda do amigo Zulfikar, que pouco depois faleceu ao ficar preso entre os escombros. “Fiquei arrasado ao vê-lo preso, mas não consegui ajudá-lo porque minhas pernas e costas estavam feridas”, explicou.

Morador da área mais atingida pelo abalo sísmico a sua filha ferida após um terremoto de magnitude 5,6 q em Cianjur | ADITYA AJI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Equipes de resgate procuram vítimas sob as ruínas de prédios desabados em Cianjur que deixou mais de duas centenas de vítimas fatais e desaparecidos | TIMUR MATAHARI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Casas destruídas pelo terremoto que arrasou a localidade indonésia de Cianjur com centenas de mortos e feridos | ADITYA AJI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A operação de resgate é prejudicada por bloqueios nas estradas e cortes de energia elétrica em algumas áreas da zona rural e montanhosa. Na manhã de hoje, 89% da rede elétrica de Cianjur havia sido restabelecida, segundo a agência estatal Antara.

O governador de Java Ocidental, Ridwan Kamil, afirmou que quase 300 pessoas ficaram feridas e mais de 13.000 foram levadas para abrigos. Muitas pessoas acamparam ao ar livre na escuridão quase total, cercadas por escombros, vidros quebrados e grandes pedaços de concreto.

Morador da área mais castigada pelo terremoto carrega nos braços o corpo de seu filho morto após o terremoto de magnitude 5,6 que matou e feriu centenas em Cianjur | ADITYA AJI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Os médicos atendem os feridos em hospitais de campanha que foram improvisados após o terremoto, que também foi sentido na capital Jacarta. Pessoas de luto aguardavam que as autoridades entregassem os corpos de seus familiares para os enterros de acordo com os ritos islâmicos.


Em um abrigo na localidade de Ciherang, perto de Cianjur, as pessoas tentavam entender a tragédia. “Gritei e pedi ajuda, mas ninguém veio. Tive que cavar para nos libertar”, disse à AFP, com o rosto ainda coberto de sangue seco uma sobrevivente. “Não restou nada. Não há nada que possa ser salvo, exceto as roupas que estamos vestindo”, afirmou.

A destruição foi agravada por uma onda de 62 tremores secundários, com magnitudes de 1,8 a 4, na cidade de 175.000 habitantes. A Indonésia registra com frequência terremotos por estar localizada na região conhecida como “círculo de fogo” do Pacífico, ponto de encontro de placas tectônicas.

O país continua marcado pelo descomunal terremoto de 26 de dezembro de 2004, de 9,1 graus de magnitude, na costa de Sumatra. O tremor desencadeou um tsunami devastador que matou 220.000 pessoas na região, incluindo 170.000 na Indonésia, uma das maiores catástrofes naturais registradas na história.