Tempestade severa atingiu o município de Guaíba, na Grande Porto Alegre, por volta das 17h desta segunda-feira (17). O temporal com vento destrutivo causou danos em diversos bairros da cidade. A violência do vento chegou a provocar o tombamento de caminhões na BR-116 e estraçalhou vidros de casas e prédios pela cidade, além de ter causado um grande número de destelhamentos.
🔴 TEMPO | Os relatos são de estragos em Guaíba pelo temporal. Em Porto Alegre não foi intenso, mas na outra margem do Guaíba foi severo. Veja o vídeo enviado por @paulorm0170 que mostra a força do vento na cidade de Guaíba. pic.twitter.com/PseYKbBIBo
— MetSul.com (@metsul) January 17, 2022
O temporal que atingiu o município de Guaíba está, seguramente, entre os mais intensos que já atingiu a cidade. É um dos mais fortes temporais em anos na região metropolitana. As suas características são muito semelhantes à tempestade severa que atingiu a cidade de Porto Alegre em 29 de janeiro de 2016, causando estragos principalmente na área central da Capital, notadamente nos bairros Praia de Belas, Cidade Baixa e Menino Deus. No evento de 2016, que se seguiu a uma tarde de muito calor, pontos mais ao Sul e Norte da cidade escaparam da ventania destrutiva.
O mesmo ocorreu nesta segunda-feira em Guaíba. O temporal ocorreu em uma tarde em que a temperatura foi muito elevada. A temperatura máxima na região metropolitana chegou a 38,2ºC em Campo Bom. Porto Alegre, na outra margem do Lago Guaíba, teve máxima de 36,4ºC. O calor formou uma forte área de instabilidade na Região Carbonífera, a Oeste de Porto Alegre, que se deslocou para a região metropolitana e teve sua maior intensidade sobre o município de Guaíba.
🔴 TEMPO | Tempestade severa atingiu o município de Guaíba, na Grande Porto Alegre. Os danos são muito graves em alguns pontos. O vento teve intensidade destrutiva. Evento semelhante ao que atingiu Porto Alegre em janeiro de 2016. pic.twitter.com/LrzQw0dky5
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🔴 TEMPO | Caminhões tombados pela força do vento no ciaduto de entrada da BR-116 para os bairros Santa Rita e Cohab, em Guaíba. Vídeo via @FdecamposDe. pic.twitter.com/g2UjnPNaAt
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TEMPO | Video mostra como ficou a Estrada do Conde, no município de Guaíba. Os danos são de grande monta na cidade da região metropolitana. pic.twitter.com/PQtsNNmAAY
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TEMPO | Grande número de casas destelhadas no município de Guaíba. É, certamente, um dos piores temporais da história da cidade. Uma ocorrência isolada violenta de vento e localizada porque Porto Alegre, no outro lado da margem, não registrou vento muito intenso. pic.twitter.com/5D7USwI10Z
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A ferocidade do vento e a gravidade dos anos observados que chocam o observador, por óbvio, leva muitas pessoas a suspeitarem de tornado. A análise preliminar, com base nos dados disponíveis apenas duas horas depois do evento (avaliações de fenômenos severos de vento levam dias nos Estados Unidos), não sugerem que tenha sido um tornado a causa do vento destrutivo na cidade de Guaíba.
Tornado é um fenômeno que atravessa uma faixa limitada de terreno, deixando um rastro de destruição numa espécie de linha (irregular) por onde passa. Os danos observados na cidade de Guaíba ocorreram numa zona muito ampla em que os danos estão dispersos por muitos pontos. Os vídeos mostram vento destrutivo na horizontal e por um período prolongado e não de poucos segundos, como ocorreria em um tornado.
TEMPO | Video mostra o desespero de motorista de caminhão durante a tempestade severa em Guaíba. A longa duração do vento, ao menos neste ponto, não sugere tenha sido um tornado. Correntes de vento descendentes e violentas podem trazer danos equivalentes a de tornados. pic.twitter.com/JxTSFlrUgh
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As evidências neste momento indicam que correntes violentas de vento descendentes, o que se denomina de micro-explosão (não é uma explosão propriamente dita) ou downburst em inglês, tenham ocorrido sob a célula de tempestade que afetou a localidade da Grande Porto Alegre. Células de tempestade muito intensas podem produzir múltiplos microbursts e às vezes podem ocorrer um tornado envolto em chuva acompanhando, apesar de por ora e numa análise muito preliminar não existirem evidências de que tenha havido um tornado.
TEMPO | A visão do porto-alegrense em mais um dia de muito calor e temporal. A fotografia é de @TatiMc7. pic.twitter.com/unLGr0DMeh
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Este tipo de fenômeno, downburst ou micro-explosão, é capaz de produzir vento tão forte quanto acima de 150 km/h, mas agora não há dados ainda suficientes de danos para estimar a velocidade do vento ocorrido na cidade de Guaíba que não possui estação meteorológica. O que é uma certeza é que o vento passou facilmente de 100 km/h.
Tratou-se de evento isolado e estações próximas não registraram vento muito forte. Em Eldorado do Sul, por exemplo, registrou 40 km/h. Em Barra do Ribeiro, as duas estações da cidade indicaram 22 km/h e 31 km/h, respectivamente. Em Porto Alegre, as rajadas chegaram 63 km/h no Salgado Filho. No Jardim Botânico, também na Capital, 60 km/h. Em Canoas, na base aérea, 50 km/h.
TEMPO | Radar às 16h mostrava forte área de instabilidade com chuva e risco de temporal em alguns pontos logo a Oeste de Porto Alegre. Acompanhe as imagens de radar em https://t.co/dg3y658hIl. pic.twitter.com/vwCTWGLaV2
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O temporal severo isolado de Guaíba não chega como surpresa. Desde a semana passada a MetSul vem alertando que o aumento da umidade em meio a uma massa de ar extremamente quente que provoca a onda de calor traria episódios isolados de tempo severo com risco de vento destrutivo por downburst (micro-explosão e/ou tornados). Os alertas enfatizaram sempre que o Leste do Rio Grande do Sul estava entre as áreas de maior risco, mas que pelo caráter excepcionalmente isolado deste tipo de fenômenos não é possível prever horas ou dias antes quais pontos exatos serão atingidos.
Com uma massa de ar excepcionalmente quente há uma semana sobre o Rio Grande do Sul, produzindo sucessivos recordes de temperatura máxima e marcas jamais vistas em décadas em diversas regiões, o calor extremo acaba injetando uma quantidade de energia na atmosfera que é enorme e a forma que o sistema atmosférico libera tal energia é por tempestades. O calor aumenta, portanto, a probabilidade de tempestades serem mais severas. Por isso, as repetidas advertências nossas desde a semana passada sobre o risco de temporais muito fortes ou mesmo destrutivos em pontos localizados, risco que permanece com o prosseguimento da onda de calor e sua intensificação na segunda metade desta semana.