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Processo de formação de frente fria (frontogênese) ontem na primeira metade do dia no Rio Grande do Sul trouxe temporais de chuva intensa, vento e granizo para várias regiões do Estado com múltiplas células de tempestade. Cerca de 400 mil gaúchos ficaram sem luz. Ar muito quente ingressou no território gaúcho no final da quinta-feira, o que contribuiu para a formação de nuvens de grande desenvolvimento vertical, inicialmente no Sul e no Leste do Estado. Na retaguarda da frente em formação havia uma massa de ar frio forte para esta época do ano e que chegou a provocar neve em pleno dezembro em Ushuaia, no Sul da Argentina. De acordo com levantamento da MetSul, mais de 50 municipios gaúchos, inclusive Porto Alegre e vários da área metropolitana, registraram queda de granizo. No Leste e no Nordeste do Estado o granizo foi o maior causador de problemas e transtornos. Houve danos para centenas de casas e prédios em Cidreira e Pinhal, no Litoral Norte.


Alguns dos temporais com granizo destrutivo e de grande tamanho estiveram associados à presença de supercélulas de tempestades. É o caso de Cidreira, município mais castigado do Estado com centenas de casas afetadas. A supercélula que atingiu Cidreira se formou na parte Norte da Lagoa dos Patos e desviou para Leste rumo ao Litoral Norte. Como mostra a imagem abaixo do radar meteorológico da Aeronáutica do momento em que a supercélula despejava pedras enormes de gelo no balneário, outra violenta era observada na Lagoa dos Patos ao Sul da Capital. Porto Alegre teve sorte na madrugada. Se qualquer uma das supercélulas atingissem a cidade, de grande densidade urbana, as conseqüências seriam desastrosas.


No Oeste e no Noroeste, houve granizo isolado, mas as conseqüências mais graves foram provocadas por vento intenso e chuva torrencial. As rajadas ficaram perto ou superaram os 100 km/h em alguns pontos. Em Cruz Alta, onde o Inmet mediu rajadas de 95 km/h, o vento forte provocou destruição. Houve destelhamentos de residências, quedas de árvores, postes e de um silo. Em Panambi, o vento forte também causou destelhamentos. São Borja registrou queda de árvores na área urbana.


Houve também chuva muito volumosa e excessiva no Noroeste do Rio Grande do Sul com volumes próximos dos 100 mm ou superiores em curto período em vários municipios. Em Porto Xavier, a chuva atingiu 115 mm. A chegada do temporal em Três de Maio, no Noroeste gaúcho, foi registrada numa impressionante sequência de fotos pelo observador Ricardo Bourscheid.


A chuva também provocou transtornos no Leste e no Nordeste do Estado. Choveu muito no final da madrugada e no começo da manhã em cidades da Grande Porto Alegre e da Serra. Na Capital, a chuva atingiu ao redor dos 30 mm na maioria dos bairros em apenas duas horas e veio acompanhada de muitos relâmpagos. Na área metropolitana, os acumulados de precipitação foram maiores e os alagamentos tomaram conta de várias cidades. A MetSul anotou 52 mm em São Leopoldo. Choveu muito também em Caxias do Sul e região, além dos Aparados da Serra, com acumulados de até 100 mm localizados.


Porto Alegre teve um começo de manhã de transtornos após chuva intensa que veio com muitos raios – Fernando Mainar


São Leopoldo e a BR-116 tiveram grandes alagamentos no começo da manhã de quinta – Luciane Mineiro/Especial GES


Em Caxias, o estádio do gramado Centenário que tem sido usado pelo Inter ficou alagado – William Mota/Rádio Caxias

A forteb instabilidade associada à frente avançou para Norte e Santa Catarina e o Paraná também enfrentaram temporais intensos e destrutivos. O vento medido no aeroporto de Chapecó chegou a 148 km/h. Já em Bom Jardim da Serra (foto abaixo do portal São Joaquim Online), moradores dizem ter observado o funil de tornado que causou estragos na zona rural e a queda de muitas árvores. Chuva forte e vendavais de até 100 km/h afetaram ainda o Paraná, inclusive a área de Curitiba.


O sol predomina hoje e no fim de semana no Rio Grande do Sul com forte aquecimento já amanhã e, especialmente, no domingo, quando a tarde deve ter máximas superiores a 35ºC no Centro do Estado (incluindo área de Porto Alegre) e no Oeste gaúcho. Devido ao forte calor e ao aumento dos índices de instabilidade atmosférica não se pode afastar que da tarde para a noite do domingo possam ocorrer pancadas de chuva e temporais bastante localizados nas Metades Oeste e Norte do Rio Grande do Sul. Na segunda-feira, porém, a instabilidade deve se generalizar no Estado com chuva forte em vários pontos e ainda o risco de temporais com vendavais e granizo à medida que uma nova frente fria deve avançar pelo território gaúcho.