O que muitos entusiastas e observadores de tempo espacial suspeitavam na noite de ontem acaba se confirmando. A tempestade solar que atingiu a Terra na tarde e noite de domingo, hora de Brasília, foi a mais intensa no campo magnético do planeta em muitos anos.
The provisional Dst minimum is -187 nT. In the context of 21st century magnetic storms, we need to go back to June 2015 to find a stronger event.
The March 2023 storm now has been corrected to a -163 nT minimum Dst, which places it just short of Aug 2018 (-175 nT). pic.twitter.com/Un2Pu9V8Pm— Christian Möstl (@chrisoutofspace) April 24, 2023
Christian Mostl, chefe do escritório de tempo espacial da Áustria, destacou nas suas redes sociais que foi a tempestade solar mais forte desde junho de 2015, portanto quase oito anos. Segundo ele, valendo-se de indicadores que o público leigo está nada acostumado a ler e valendo-se de parâmetros da Física, o evento de ontem superou a tempestade solar de março deste ano, a mais forte até então no atual ciclo solar.
Como se formou a tempestade solar? Em 23 de abril, erupção solar expeliu um bilhão de toneladas de gás magnetizado superaquecido que viajaram a quase três milhões de quilômetros por hora até atingir a Terra no domingo.
A poderosa ejeção de massa coronal colidiu com o campo magnético terrestre, trazendo tempestade severa geomagnética, classificada como nível 4 em escala que vai a 5 de tempo espacial.
O que a e ejeção solar provocou? Auroras, muitas auroras, e nos dois hemisférios. Foi tão intenso o evento que gerou auroras que iluminaram o céu noturno em vários países. As auroras foram observadas em várias capitais da Europa, como em Berlim, e até no Sul da França. Houve avistamento das luzes na costa mediterrânea da Espanha. Na Ásia, as luzes foram avistadas na China. No Hemisfério Sul, na Antártida e Nova Zelândia.
As auroras boreais puderam ser vistas ainda no Canadá e nos Estados Unidos. A magnitude do evento fez com que as luzes chegassem a lugares em que o fenômeno é raramente visto em latitudes menores do território norte-americano. A ponto de ter ocorrido avistamento em San Diego, na Califórnia, a poucos quilômetros da fronteira com o México (32,9ºN). Esta latitude na América do Sul, em comparação, corresponde ao Sul do Rio Grande do Sul.
And a few more pictures of the #NorthernLights from our office. #AuroraBorealis #Aurora #wywx pic.twitter.com/S4qREUo4ZL
— NWS Riverton (@NWSRiverton) April 24, 2023
UNREAL!
Watching the Aurora above the bright city lights of Calgary was memorable! #yyc #AuroraBorealis #NorthernLights pic.twitter.com/S1CbUmoTaf
— Kyle Brittain (@KyleBrittainWX) April 24, 2023
As luzes foram observadas ainda nos Estados Unidos em latitudes muito ao Sul do habitual para auroras como Arkansas (35,1ºN), Colorado (38ºN), Utah (+40,8ºN), Oklahoma (36,3ºN), Carolina do Norte (36,2ºN), Tennessee (35,4ºN), Nova México (+35,9ºN), Texas (+33,9ºN) e Nebraska (40,6ºN).
Haverá mais tempestades solares muito fortes? Sim! Tempestades geomagnéticas severas ocorrem cerca de 100 vezes a cada ciclo solar de onze anos. A última tinha sido registrada em 24 de março de 2023. O pico do atual ciclo solar vai ocorrer entre 2024 e 2025, logo tempestades solares ainda mais fortes e frequentes devem ser esperadas nos próximos dois anos.