Ondas enormes atingem o farol de Newhaven , no Sul da Inglaterra, nesta sexta-feira com a chegada da tempestade Eunice com vento extremo. A Grã-Bretanha colocou o exército de prontidão e as escolas fecharam após o Met Office emitir raros alertas vermelhos de “perigo à vida” por vento com força de furacão e inundações devido à tempestade Eunice. | GLYN KIRK/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A London Eye, a roda gigante icônica de Londres, foi fechada nesta sexta-feira (18) e vários voos e trens cancelados devido à tempestade Eunice, que atingiu o Reino Unido e a Irlanda com grande violência e colocou o Norte do continente europeu em alerta.

O Sul da Inglaterra registrou rajada de vento recorde no país de até 196 km/h, informou o serviço meteorológico britânico, enquanto na costa inglesa a tempestade provocou ondas violentas e as ruas de Londres ficaram quase desertas.

“Peço a todos os londrinos que fiquem em casa, não se arrisquem e não viajem a menos que seja absolutamente essencial”, declarou o prefeito Sadiq Khan, alertando que “ventos extremamente fortes na capital podem provocar a queda de escombros e danos aos edifícios”, colocando a vida de pessoas em risco.

Dominando a cidade a partir da margem Sul do rio Tâmisa, onde as rajadas sopravam com força, a London Eye, a roda gigante mais alta da Europa e a terceira maior do mundo com 135 metros de altura, permaneceu fechada para “a segurança dos visitantes”.

O serviço meteorológico britânico havia colocado o Sudoeste da Inglaterra e o Sul do País de Gales em alerta vermelho – o nível mais alto – no dia anterior, mas esta manhã emitiu um segundo alerta máximo, desta vez para o Sudeste do país, o que fez que pela primeira vez desde que este sistema começou a ser usado em 2011 Londres tivesse um alerta vermelho.

Vários voos foram cancelados em aeroportos de todo o país, e as companhias ferroviárias pediram aos passageiros que “não viajassem”. Mais de 70.000 casas ficaram sem eletricidade na Inglaterra e cerca de 80.000 na vizinha Irlanda.

As autoridades alertaram para o risco de inundações graves e um “risco particularmente alto” de acidentes nas rodovias e várias escolas permaneceram fechadas enquanto aguardavam uma reunião de crise do governo britânico à tarde.

“Todos devemos seguir os conselhos e tomar precauções para nos manter seguros”, tuitou o primeiro-ministro Boris Johnson, enquanto o secretário de Estado para a Segurança, Damian Hinds, pediu à população que “fique em segurança”, enfatizando que o exército está pronto para lidar com o efeitos de Eunice, uma das tempestades mais violentas em três décadas.

Depois de atingir o Reino Unido, espera-se que a tempestade rume para a Dinamarca, onde foi decidido que os trens circularão a uma velocidade mais lenta por precaução e a Ponte Storebaelt, uma das mais longas do mundo, quase certamente terá de ser fechada durante a maior parte da noite, avisou seu operador.

Na França, esta manhã, a tempestade já provocava ondas de quatro metros na Bretanha, segundo Météo France, que colocou cinco departamentos em alerta laranja com rajadas de vento de até 110km/h no Noroeste, podendo ultrapassar os 140km/h  localmente na costa à tarde. Também a operadora ferroviária francesa SNCF anunciou interrupções em suas linhas regionais.

Na Holanda, o serviço meteorológico emitiu um alerta vermelho e centenas de voos foram cancelados, segundo a mídia local. Os trens tiveram que permanecer parados à tarde. Na Bélgica, as autoridades aconselharam os cidadãos a limitarem ao máximo os seus movimentos. O tráfego ferroviário também foi interrompido e muitas escolas encurtaram o seu dia.

Na Alemanha, os serviços de trens foram suspensos no Norte, incluindo Bremen e Hamburgo, pelo segundo dia consecutivo, segundo a Deutsche Bahn. Eunice atravessa o Norte da Europa depois que o continente já foi atingido por fortes tempestades nos últimos dias, como Dudley, que matou cinco pessoas na Polônia e na Alemanha na quinta-feira.

Embora as mudanças climáticas geralmente aumentem e multipliquem eventos extremos, seu impacto não é tão claro no caso de ventos violentos e tempestades (excluindo ciclones extratropicais), cujo número varia muito de ano para ano.

O último relatório dos especialistas em clima da ONU (IPCC) publicado em agosto estima, com um grau de certeza muito baixo, que pode haver um aumento das tempestades no Hemisfério Norte desde a década de 1980.