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Deslizamento de terra e rochas bloqueia a rodovia Mogi-Bertioga na manhã desta quinta pelo excesso de chuva no Litoral de São Paulo nas últimas horas | DER-SP

A MetSul Meteorologia adverte que a situação pode evoluir para crítica no litoral do estado de São Paulo, especialmente entre a Baixada Santista e o Litoral Norte, com os volumes de chuva já muito altos – que superam os 200 mm em alguns pontos em apenas 24 horas – e o que se prevê de chuva ainda para hoje e amanhã.

Os acumulados de chuva em 24 horas na rede do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden) até 9h desta quinta-feira foram de 210 mm no Guarujá, 208 mm em Ubatuba, 178 mm em Bertioga, 172 mm em Caraguatatuba, 161 mm em Santos, 156 mm em São Vicente, 148 mm em Praia Grande, 107 mm em Ilhabela e 100 mm em Cubatão. No mesmo período, a estação do Instituto Nacional de Meteorologia anotou 163 mm em Bertioga.

Se considerados os acumulados desde 9h do último domingo, portanto, em 96 horas, os volumes atingem 443 mm em Ubatuba, 298 mm no Guarujá e Bertioga, 290 mm em Caraguatatuba, 285 mm em Cubatão, 253 mm em Praia Grande, 251 mm em Santos, 230 mm em São Vicente, e 169 mm em Ilhabela.

A chuva acumulada neste mês, do dia 1º até 9h de 25 de janeiro, na estação oficial do Instituto Nacional de Meteorologia em Bertioga soma 504,8 mm. Deste volume, 278,4 mm se precipitaram na localidade do litoral paulista apenas desde o domingo.

A chuva excessiva a extrema se concentra em áreas perto da costa no estado de São Paulo enquanto a maior parte do território paulista não teve registro de precipitação nas 24 horas que se encerraram às 9h desta quinta-feira. Trata-se, assim, de uma condição local do litoral pela geografia da região.

Mais chuva forte a intensa preocupa muito

A avaliação da MetSul Meteorologia é que a situação pode evoluir para crítica em pontos do litoral paulista com altíssimos riscos hidrológico e geológico, considerando o que já choveu no começo da semana, os acumulados excessivos das últimas 24 hora e o que deve ainda chover hoje e amanhã.

Modelos numéricos indicam a possibilidade de volumes adicionais de 150 mm a 300 mm em trechos do litoral paulista no acumulado até o final da semana, a maior parte destes volumes nesta quinta e durante a sexta-feira, dias que devem ter períodos de chuva forte a torrencial com elevados volumes em curto intervalo.

Com isso, a chuva apenas entre quarta (ontem) e sexta-feira (amanhã), em tão-somente 72 horas, pode atingir valores de 300 mm a 500 mm em diferentes pontos do litoral do estado de São Paulo, não se descartando marcas localizadas até superiores. Os volumes desta semana têm alta probabilidade de superar os 500 mm em alguns locais.

Sob este cenário de excesso de chuva ainda por dois dias na região, deve evoluir para crítico o risco de alagamentos e inundações, em alguns casos repentinas, além da possibilidade de quedas de encostas e ainda deslizamentos de terra.

O cenário vai exigir muita atenção em rodovias da região, sobretudo na Serra do Mar e junto à região serrana, ante a elevada probabilidade de queda de barreiras e escorregamento de encostas. São os casos do Sistema Anchieta-Imigrantes, a Mogi-Bertioga, a Tamoios e a Rio-Santos.

Por que tanta chuva?

A chuva que atinge a região é de natureza orográfica em que a precipitação é induzida pelo relevo. Umidade que vem do oceano, trazida por vento, em razão de uma massa de ar frio ou um ciclone, ao encontrar a barreira do relevo da Serra do Mar, ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa à medida que ascende na atmosfera com camadas mais frias.

No caso de agora, há uma baixa fria em níveis em médios e altos da atmosfera sobre o Sul do Brasil com um centro de alta pressão associado a uma massa de ar mais frio a Leste do Uruguai e do Rio Grande do Sul. Somam-se ainda áreas de baixa pressão menores na costa do Sudeste do Brasil. A interação destes vários sistemas garante forte fluxo de ar mais úmido e frio do mar para a costa de São Paulo.

Isso leva à condensação e à ocorrência de chuva induzida pelo relevo. Em um exemplo bem didático e simples de entender. O que acontece se você chega na frente de um espelho e soltar ar da sua boca?

O espelho que tem uma superfície mais fria vai ficar embaçado (úmido) e molhado. Com a chuva orográfica ocorre o mesmo. O ar mais úmido e quente (analogia com ar que sai da boca) encontra um obstáculo físico que é o relevo (como o espelho) e ao chegar nesta barreira que são os morros sobe na atmosfera e encontra temperatura mais baixa, condensando-se o vapor de água e formando chuva.

Episódios de chuva orográfica são de alto risco porque costumam trazer acumulados de precipitação localmente muito altos e que não raro até acabam superando as projeções dos modelos numéricos. Os litorais de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro são os de maior risco de eventos de chuva extrema de natureza orográfica no Brasil.

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