As chuvas volumosas se foram, o Rio Grande do Sul volta a conviver com o sol nesta segunda metade da semana, mas o drama das águas segue e até piora em algumas comunidades, sobretudo da Grande Porto Alegre. As cheias do Taquari e do Caí já atingiram seus picos nos vales, mas a preocupação agora é com o Sinos (maior cheia desde 1965), o Jacuí e o Guaíba.


Rio Caí em São Sebastião do Caí atingiu o seu nível máxima na segunda com 14 metros – Diego da Rosa/GES

Por dias seguimos temos alertado de uma cheia muito séria na bacia do Sinos, mas nesta terça-feira a MetSul emitiu um raro alerta de emergência sobre a piora da cheia do Rio dos Sinos que pode assumir proporções descritas na advertência como “gravíssimas”. O nível do Sinos em Campo Bom na tarde de terça estava em 7,90 metros na régua da Corsan em Campo Bom, superando os 7,80 metros de maio de 2008, sendo o maior nível desde a grande enchente de agosto de 1965, quando a região ainda não estava protegida por diques. Na régua da ponte, em Campo Bom, o nível no começo da noite de ontem era de 7,58 metros, batendo a marca de 7,40 metros de 2008. Novo Hamburgo e São Leopoldo decretaram emergência. A cidade de Novo Hamburgo ficará sem água até domingo, já que as bombas de captação ficaram submersas. Como o comportamento do Sinos em Campo Bom se repete imediatamente em Novo Hamburgo e 24 horas depois em São Leopoldo, a tendência é de piora do quadro nas duas cidades. Hoje, o Sinos deve se estabilizar e atingir seu pico da cheia em Campo Bom e Novo Hamburgo. O ápice da cheia em São Leopoldo ocorre na primeira metade da quinta. E na sequência, a cheia do Sinos deve ser muito grave em Sapucaia, Esteio e Canoas na segunda metade da semana. Esteio, que ficou debaixo d’água por conta da cheia de arroio após a chuva intensa da quinta da semana passada ao fim de semana, voltará a ter alagamentos agora pela subida do Sinos.


Vários pontos de Campo Bom estão agora debaixo d’água na maior cheia do Sinos desde 1965 – Diego da Rosa/GES


Cena inusitada no Parque Assis Brasil, em Esteio, com barcos sendo usados durante a Expointer – Jonatas Dias/CP

A cheia do Guaíba também se agrava. O nível atingiu 2,18 metros no cais na segunda-feira, mas baixou para 2,05 metros na manhã de terça à medida que perdeu força o vento Sul. No fim da tarde e no começo da noite desta terça, porém, o Guaíba voltou a subir e na madrugada desta quarta superou 2,2 metros no cais. O aumento não se deve à chuva ocorrida na área da Capital e pelo vento Sul que represa o lago, como na segunda. Agora, como se previa e alertava reiteradamente, a elevação se dá porque começa a chegar a maior vazão dos cinco rios que alimentam o Guaíba: Jacuí, Taquari, Caí, Sinos e Gravataí.


Nível do Lago Guaíba subiu bastante e alagou muitas áreas das ilhas de Porto Alegre já na segunda-feira – Rose Furlan


Guaíba subiu ainda mais na noite desta terça devido ao Jacuí e tendência é de agravamento do quadro – Rose Furlan

Todos rios contribuintes do Guaíba enfrentam cheia. A maior vazão do Taquari (cheia moderada a forte) será recebida nesta quarta. Já o Jacuí (cheia moderada), o principal contribuinte do Jacuí, terá sua maior vazão quinta e sexta no Delta com inundações em área ribeirinhas próximas da Capital como em Charqueadas e Eldorado do Sul. O Gravataí (cheia forte), por sua vez, deve ter sua maior contribuição entre hoje e quinta. O Caí (cheia forte) contribuirá mais no Guaíba quinta e sexta e o Sinos (cheia histórica) entre sexta e sábado. Por isso, a tendência é que os níveis mais altos se concentrem entre esta quarta e sexta, não se afastando marcas de 2,3 a 2,5 metros no cais. Logo, é provável que haja mais remoções de famílias.