Chuva será frequente nos próximos dias com risco de períodos de precipitações localmente fortes a torrenciais que podem provocar alagamentos | ALINA SOUZA/CORREIO DO POVO/ARQUIVO

O Rio Grande do Sul pode ter nos próximos dias o maior episódio de chuva em meses, conforme avaliação da MetSul Meteorologia. A chuva no estado não apenas deve ser generalizada como deve ter volumes mais altos com acumulados perto ou acima de 50 mm em grande número de cidades, o que ainda não se viu neste ano e tampouco no final de 2022.

Todos os modelos numéricos analisados pela MetSul em suas projeções apontam para cenário de instabilidade por vários dias seguidos no território gaúcho com expectativa de chuva em todas as regiões do estado. Muitas cidades gaúchas devem ter os volumes mais altos de precipitação dos últimos meses, embora não se preveja que a chuva seja volumosa em todo o estado.

A soma de vários dias seguidos com registro de precipitação e com períodos de chuva moderada a forte deverá trazer acumulados expressivos em muitas localidades gaúchas. Há possibilidade de antes mesmo de março completar dez dias que alguns municípios já superem a média de precipitação do mês todo.

Não será o fim da estiagem e da mesma forma dificilmente um único evento de precipitação é capaz de garantir a reposição hídrica de muitos meses com chuva abaixo da média, entretanto em diversos pontos a chuva deverá proporcionar um relevante alívio.

A chuva virá em um momento fundamental para o campo gaúcho e para o estado, onde mais de 300 municípios já decretaram situação de emergência pela estiagem. Parte da safra já foi perdida, mas ainda existem lavouras carecendo de água e muitos produtores recorreram ao replantio, assim que este evento de chuva tem um elevado potencial de trazer benefícios para a agricultura.

Umidade do solo está muito baixa em grande parte do Rio Grande do Sul com valores críticos em algunas áreas por conta da estiagem | NASA/METSUL

Esta sequência de dias com chuva frequente, mais generalizada e volumosa será consequência de um centro de baixa pressão que vai migrar do Norte da Argentina para o estado gaúcho e após seguirá atuando perto do Rio Grande do Sul. O sistema, ao interagir com o ar quente sobre o estado, gerará sucessivas áreas de instabilidade por dias seguidos e, como resultado, a chuva.

Pancadas localmente fortes e temporais

Uma vez que a instabilidade vai se dar numa atmosfera aquecida e a partir de um centro de baixa pressão atmosférica, as condições não serão apenas favoráveis para chuva como devem ser propícias para precipitações localmente fortes a torrenciais com elevados volumes em curto intervalo, verdadeiros aguaceiros isolados que são capazes de gerar alagamentos.

Se a chuva deverá ser benéfica para o campo, estas ocorrências de chuva forte e muito forte com caráter localizado podem provocar transtornos em áreas urbanas. O cenário atmosférico será típico de formações de nuvens carregadas isoladas que em algumas localidades podem despejar volumes perto ou acima de 50 mm em uma hora. Neste tipo de situação, em zonas urbanas, alagamentos são uma certeza.

Outro risco é a possibilidade de que ocorram temporais. O cenário é muito mais favorável ao registro de chuva localmente forte a intensa e não temporais generalizados, mas sob ar quente e uma baixa pressão atmosférica podem se dar ocorrências pontuais e localizadas em que se formam tempestades com rajadas de vento e queda de granizo.

A chuva dia a dia

Os dados indicam que tanto hoje como amanhã, embora o sol apareça no estado, vão ocorrer pancadas de chuva em diversas áreas do estado, mais da tarde para a noite. Nesta quinta, estas pancadas que são isoladas e típicas de verão, ocorrem mais nas Metades Oeste e Norte. Já nesta sexta, as pancadas devem alcançar a maioria das áreas do Rio Grande do Sul e maior número de localidades.

No fim de semana, a instabilidade deve ser mais expressiva e generalizada. Entre sábado e o domingo, a cobertura de nuvens será maior e a chuva em muitas cidades não será mais a que ocorre da tarde para a noite pelo calor, podendo se dar a qualquer hora do dia. No Oeste, o tempo pode apresentar melhoria em parte da região já no sábado e estará mais firme durante o domingo, quando a chuva tende a se concentrar mais na Metade Leste.

Os modelos indicam a ocorrência de chuva ainda no estado na segunda e na terça, com alguns prolongando a instabilidade de forma mais localizada até quarta e quinta da semana que vem. Quanto à segunda-feira, há divergência. O modelo europeu projeta chuva ainda em diversas áreas do estado na segunda ao passo que o modelo meteorológico alemão Icon firma o tempo na maioria das cidades, sinalizando o retorno da chuva para muitos pontos na terça.

Os mapas acima mostram a projeção de chuva dia a dia entre esta sexta e a próxima quarta pela projeção do modelo alemão Icon em sua rodada da 0Z de hoje. Observa-se como a chuva tende a ser mais generalizada e forte no fim de semana.

A MetSul Meteorologia enfatiza que este é o panorama meteorológico que se se enxerga no dia de hoje e que, em se tratando de um prognóstico de vários dias, inevitavelmente deverão ocorrer mudanças de previsão com, por exemplo, aumento ou diminuição de abrangência da chuva em determinado dia. Por isso, aconselhamos a ficar atentos às atualizações que vão ser publicadas nos próximos dias.

Volumes de chuva

Os volumes de chuva podem atingir marcas de 30 mm a 50 mm nos próximos dias na grande maioria das cidades gaúchas com acumulados acima de 50 mm nos próximos cinco a sete dias em diversas localidades, mas em alguns pontos os volumes podem até se aproximar ou passar dos 100 mm.

Todos os modelos numéricos convergem para um cenário de instabilidade por dias seguidos e com volumes mais expressivos na média estadual do que vem se observando nos últimos meses. Isso garante alto índice de confiança quanto à tendência de chover de forma mais ampla nos próximos dias e com volumes localmente elevados.

Estes mesmos modelos, entretanto, divergem bastante sobre quais áreas do estado podem ter os mais altos acumulados de precipitação, assim que a confiabilidade é baixa sobre a localização das áreas que devem ter os volume mais altos. Observe nos mapas a seguir como há uma grande discrepância nos totais de precipitação projetados, conforme a área do estado.

Projeção de chuva do modelo europeu ECMWF para dez dias | METSUL

Projeção de chuva do modelo alemão Icon para sete dias | METSUL

Projeção de chuva do modelo norte-americano GFS para dez dias | METSUL

Projeção de chuva do modelo canadense para dez dias | METSUL

A MetSul destaca ainda que a chuva não deve se limitar ao Rio Grande do Sul. Vai chover ainda em muitas áreas do Uruguai e também de Santa Catarina e o Paraná nos próximos dais com a possibilidade de volumes localmente e elevados e de temporais localizados. Em partes dos estados catarinense e paranaense, inclusive, os volumes podem ser elevados com registros de 100 mm a 200 mm, e isoladamente maiores.

Como consultar os mapas

Todos os mapas neste boletim podem ser consultados pelo nosso assinante (assine aqui) na nossa seção de mapas. A plataforma oferece ainda mapas de chuva, geada, temperatura, risco de granizo, vento, umidade, pressão atmosférica, neve, umidade no solo e risco de incêndio e raios, dentre outras variáveis, com atualizações duas a quatro vezes ao dia, de acordo com cada simulação. Na seção de mapas, é possível consultar ainda o nosso modelo WRF de altíssima resolução da MetSul.