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A diminuição da nebulosidade durante a manhã, que precedeu o temporal da tarde, permitiu que satélites captassem do espaço imagens dos deslizamentos de terra ocorridos durante a chuva extrema da terça-feira em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro.

A imagem do satélite Sentinel-2, do Sistema Copernicus, divulgada pela Adam Plataform, revela a grande quantidade de deslizamentos de terra (landslides) ocorridos em encostas dos morros da cidade.

Uma outra imagem, da Planet Labs, registra vários deslizamentos de terra nas encostas de um dos morros da cidade serrana do Rio.

A chuva voltou a castigar a cidade de Petrópolis na tarde desta quinta, mas não teve a enorme intensidade da terça. As autoridades acionaram as sirenes de alerta para evacuar as zonas de risco diante dois dias depois de um temporal histórico provocar deslizamentos de terra e inundações que causaram a morte de pelo menos 117 pessoas. Há mais de 100 desaparecidos.

Vizinhos de vários bairros da cidade serrana, localizada ao Norte do Rio de Janeiro, foram alertados ao fim de tarde pelas sirenes e mensagens de texto a se protegerem em casas de familiares ou abrigos públicos “devido ao voluma de chuva que afeta a cidade e que continuará com intensidade moderada e forte nas próximas horas”, informou a Defesa Civil.

Pelo menos duas ruas foram fechadas e os vizinhos evacuados preventivamente, após um deslizamento de “blocos rochosos”, que não deixou feridos, completou a Defesa Civil. As novas precipitações ocorrem 48 horas depois que chuva extrema deixou um rastro de destruição e cenas arrepiantes nas ruas e encostas transformadas em rios que arrastaram carros, ônibus com passageiros e tudo o que estava no caminho.

“Tenho medo ao ver que voltou a chover, porque o solo continua empapado. Penso nas famílias que vivem nos bairros onde já morreram muitas pessoas e me desespero”, declarou à AFP Rodne Montesso, morador de Petrópolis de 45 anos, cuja casa não corre risco.

Enquanto o cemitério municipal se organizava para realizar sucessivos enterros das vítimas, socorristas e voluntários continuavam buscando desesperadamente por pessoas desaparecidas entre a lama e os escombros, com cada vez menos esperanças de encontrar alguém com vida.

“Infelizmente vai ser difícil encontrar alguém com vida. Como está tudo aqui, é praticamente impossível, mas pelo menos (temos) que entregar os corpos para que a família possa enterrá-los e ter sossego”, declarou à AFP Luciano Gonçalves, um voluntário de 26 anos, coberto de lama e com uma enxada na mão, enquanto revira o barro em Alto da Serra, um dos bairros mais atingidos.

Segundo as autoridades, cerca de 500 bombeiros, com a ajuda de centenas de voluntários, cães, escavadeiras, caminhões, botes e uma dezena de aeronaves são utilizados nas tarefas de resgate. A Polícia Civil afirma que até esta quinta-feira havia 116 registros de desaparecimentos. O Ministério Público disse à AFP que em seu serviço de localização de pessoas estão cadastrados 35 casos.

Até agora, cerca de 700 moradores foram transferidos para abrigos improvisados, a grande maioria em escolas públicas. Após sua viagem à Rússia e Hungria, o presidente Jair Bolsonaro visitará na manhã desta sexta-feira a área afetada desta cidade turística.

Nos últimos três meses, o Brasil tem passado por episódios de chuvas intensas, sobretudo nos estados da Bahia e de Minas Gerais, que deixaram dezenas de mortos e causaram inúmeros danos em centenas de municípios.

Os cientistas afirmam que, em função da mudança climática, fenômenos meteorológicos extremos serão cada vez mais frequentes. Em janeiro de 2011, mais de 900 pessoas morreram na região serrana do estado do Rio devido às fortes chuvas que causaram grandes danos em várias cidades, incluindo Petrópolis.

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