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Os satélites meteorológicos dos Estados Unidos, Europa, China, Japão e outros países durante as 24 horas monitoram o planeta e geram imagens que são essenciais para a previsão do tempo e cujos dados alimentam os modelos matemáticos que são a principal ferramenta dos meteorologistas para o prognóstico do tempo para as próximas horas e dias.

Às vezes, formações curiosas aparecem nas imagens de satélite e que acendem a imaginação do observador. Foi o caso do final da manhã desta sexta-feira, hora de Brasília. Na imagem das 11h10 era possível ver ainda na costa do Sul do Brasil o ciclone extratropical que tanta chuva trouxe no começo desta semana.

O que chamava a atenção, contudo, estava sobre o Oceano Pacífico. Na costa do Chile. Junto ao Norte chileno. As imagens de satélite mostravam o que parecia ser uma gigantesca letra “G” no céu sobre o Pacífico. A imagem foi captada pelo satélite GOES-16 da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos.


Mas fique tranquilo. A atmosfera não resolveu brincar de sopa de letrinhas ou mesmo aprendeu o alfabeto. A formação de grande letra “G” na cobertura de nebulosidade é tão-somente uma coincidência, visível apenas pelo satélite e impossível de ser percebida por quem estivesse na superfície (no caso quem estivesse navegando na área) pela sua grande extensão no céu.

O que ocorreu não passou de nuvens estratocúmulus marinhas que quase todos os dias povoam o céu do litoral do Chile pelo ar mais frio na região com a presença da corrente marítima de Humboldt que tem águas frias.

Nuvens estratocúmulos marinhas são de baixa altitude e normalmente são encontradas na costa oeste dos continentes, particularmente no Chile, mas também são frequentes na costa da Califórnia, Namíbia e, em menor grau, na costa de Portugal e na Austrália Ocidental. Quando massas de ar frio avançam pelo Atlântico Sul elas podem ser vistas sobre o mar nos litorais da Argentina, Uruguai e do Sul do Brasil.


Essas nuvens se formam em níveis baixos sobre a água do oceano relativamente fria, em uma região onde o ar acima está descendo suavemente. A descida seca o ar de maior altitude e impede a formação de nuvens ali, produzindo uma inversão de temperatura cerca de um quilômetro acima da superfície.

Perto da superfície, a água evapora do oceano e é misturada para cima pela turbulência. Ele atinge a camada de inversão – que analogicamente põe uma tampa na subida – e o ar esfria e satura, formando as nuvens estratocúmulos marinhas.

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A grande cobertura de nuvens é quebrada apenas em algumas áreas, permitindo que um respingo de oceano azul apareça perto da costa do Chile. São áreas de “células abertas”, que podem se formar quando ocorre chuvisco ou possivelmente devido à interação com aerossóis. Foram áreas abertas que acabaram gerando o aspecto da letra “G”.

Formações curiosas em imagens de satélite, aliás, não são novidade. Em 2016, uma imagem divulgada pelo meteorologista norte-americano Stu Ostro chamou a atenção da comunidade meteorológica, viralizou na internet e acabou virando notícia nos jornais. Em um dos canais de imagens de satélite realçados, o furacão Mathew parecia uma caveira.


A imagem mostra o furacão através de uma lente infravermelha. Foi ajustada para mostrar a tempestade em cores que acentuam o olho do furacão. Basicamente, os cientistas usam uma tabela de cores para identificar a parte mais forte da tempestade. Os dentes da caveira, no caso, são nuvens convectivas frias.

O furacão Matthew foi o primeiro de categoria 5 no Atlântico desde Felix em 2007. Matthew causou danos catastróficos e uma crise humanitária no Haiti, bem como devastação generalizada no Sudeste dos Estados Unidos.

O furacão mais mortal no Atlântico desde Stan em 2005, Matthew foi a décima terceira tempestade nomeada, o quinto furacão e segundo furacão intenso (categorias 3 a 5) da temporada do Atlântico de 2016.  A tempestade deixou mais de 600 mortos, sendo mais de 500 no Haiti, e prejuízos de 16 bilhões de dólares.