Uma haitiana idosa observa a inundação na comunidade de Pétion Ville, no Haiti, durante a passagem da tempestade tropical Laura em setembro de 2020 | ST-VAL/AFP/MetSul Meteorologia

Haiti, país mais miserável do Hemisfério Ocidental, retorna às manchetes mundiais nesta quarta-feira com o assassinato a tiros do seu presidente Jovenel Moise por grupo de agressores não identificado em sua residência oficial na madrugada de hoje. O crime ocorre em meio a uma crescente onda de violência provocada por uma crise política que sacode o país.

O Haiti, país de 11,2 milhões de habitantes, população semelhante a do Rio Grande do Sul, é uma nação em permanente estado de crise. Situado na ilha de Hispaniola, ao lado da República Dominicana, o país sofreu sucessivos golpes militares e foi governado por ditadores por muitos anos.

De acordo com a Organização das Nações Unidas, o Haiti tem o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Américas  com baixa expectativa de vida, alta mortalidade infantil, saneamento precário, subnutrição crônica, analfabetismo beirando 40% e mais da metade da população vivendo abaixo da linha da pobreza.

A economia pouco desenvolvida do país é essencialmente baseada no setor primário em que as condições do clima têm enorme impacto. O país caribenho é um dos mais castigados do continente por desastres naturais. A sua posição geográfica coloca o seu território no caminho de muitas tempestades tropicais e furacões que avançam pelo Caribe.

Haiti, um país de desastres naturais

A tempestade tropical Elsa, que nesta terça-feira chega ao estado norte-americano da Flórida, passou antes pelo Haiti com chuva intensa e vento forte. Como não era um sistema intenso e sua trajetória não foi pelas áreas mais densamente povoadas do território haitiano, os seus efeitos não foram maiores.

A mesma sorte o Haiti não teve em muitas vezes passadas. O último grande desastre por ciclones tropicais no país ocorreu em 2016 com a passagem do furacão Matthew.

A tempestade devastou áreas inteiras do Haiti. O furacão de fim de temporada categoria 5 chegou ao Sudoeste haitiano, na região de Les Anglais, como um ciclone categoria 4 com vento de 240 km/h.

Furacão Matthew provocou devastação no Haiti em 2016 com milhares de mortos | Héctor Retamal/AFP/MetSul Meteorologia

Foi o pior furacão a atingir o Haiti desde Cléo em 1964. Mais de um milhão de pessoas foram afetadas. O número oficial de mortos foi de 546, mas estimas extra-oficiais apontam que o saldo de vítimas foi o triplo. Comunidades inteiras desapareceram e se transformaram em ruínas na passagem de Matthew pela empobrecida nação caribenha.

O terreno montanhoso em parte do Haiti faz do país uma área de extremo risco quando se produzem chuvas intensas acompanhando furacões e tempestades tropicais.

Em setembro de 2004, cerca de 2.500 pessoas morreram em inundações e deslizamentos catastróficos na cidade haitiana de Gonaives. O desastre se repetiu em Gonaives em setembro de 2008 com uma sequência de tempestades: Gustav, Hanna e Ike. Os mortos foram centenas.

Não bastassem os ciclone tropicais entre os meses de junho e novembro na temporada anual de furacões, o Haiti é ainda uma região sísmica. Em janeiro de 2010, violento terremoto de magnitude 7,0 ocorreu com baixa profundidade e com epicentro a pouco mais de vinte quilômetros da capital Porto Príncipe.

Os danos foram estimados em mais de 8 bilhões de dólares. Cerca de 160 mil pessoas morreram em consequência do sismo que arrasou a capital Porto Príncipe e chegou a provocar graves danos no palácio presidencial.