Grande Porto Alegre terá nevoeiro neste fim de semana | ALINA SOUZA/ARQUIVO

A previsão é de madrugadas com nevoeiro neste fim de semana em diversas áreas do Sul do Brasil, especialmente em cidades mais a Leste da região. Com um centro de alta pressão e noites de tempo mais aberto que favorecem maior resfriamento noturno, os dados indicam a tendência de formação de cerração no fim de semana em diversas cidades, inclusive da região metropolitana de Porto Alegre.

Os mapas acima mostram a projeção de visibilidade para 7h da manhã no Sul do Brasil amanhã e no domingo a partir de dados do modelo WRF da MetSul. Observa-se a tendência de uma alta probabilidade de formação de nevoeiro em diferentes pontos, principalmente próximos a bacias de rios, como é o caso do Jacuí, no Centro do Rio Grande do Sul.

A temperatura mais baixa durante a noite vai favorecer a formação da cerração. Para Porto Alegre, por exemplo, a tendência é de mínimas de 12ºC a 13ºC neste sábado e de 11ºC a 12ºC no domingo com marcas menores na área metropolitana. Já para Curitiba, as mínimas devem cair a marcas ao redor de 10ºC amanhã e ainda menores no domingo que podem ficar entre 8ºC e 10ºC em pontos da capital paranaense.

Hoje, por exemplo, a presença de nuvens médias na madrugada associadas ainda à circulação de umidade do ciclone na costa dificultou a formação de nevoeiro. O Instituto Nacional de Meteorologia registrou mínimas de 12,4ºC em Porto Alegre e de 13,5ºC em Curitiba.

Climatologia de nevoeiro em Porto Alegre

Porto Alegre possivelmente seja uma das áreas mais propensas a nevoeiro no Brasil e as razões são de natureza geográfica. Além de estar no Sul do Brasil, onde a atuação do ar frio favorece uma maior ocorrência do fenômeno, a capital gaúcha está cercada por vários rios e tem ainda ao lado um lago (Guaíba), sem mencionar estar ao Norte da Lagoa dos Patos.

A presença de rios ainda faz com que a região de Porto Alegre seja utilizada na plantação de arroz, o que faz com que muitas áreas ao redor da cidade sejam alagadiças e de banhados. O que não falta, assim, é umidade em superfície que combinada com o resfriamento noturno nos meses mais frios do ano acaba trazendo muitos dias com neblina e nevoeiro na cidade e na área metropolitana.

Um estudo da Força Aérea Brasileira (FAB) da frequência do fenômeno no Aeroporto Salgado Filho, realizado entre os anos de 1998 e 2006, de autoria de Luiz Alexandre Fragozo de Almeida, mostrou que os meses da segunda metade do outono do inverno são os de maior incidência do fenômeno no aeródromo.

Os três meses com maior frequência de cerração no período de estudo, de acordo com a pesquisa publicada pela FAB, foram junho com 63 dias, maior com 56 e julho com 48. Na sequência, aparecem abril com 33 dias, setembro com 18 e março com 12. O período de novembro a fevereiro tem muito baixa incidência do fenômeno.

As causas do nevoeiro

Quando o ar é resfriado pela perda noturna de radiação, surgem as condições favoráveis para a formação de bancos de nevoeiro junto aos rios, especialmente em vales, tal como nevoeiro de vapor sobre os mananciais d’água. Essas ocorrências são comuns no outono, quando a água ainda está mais quente e o ar já está sendo resfriado.

As noites ficam mais frias, a temperatura cai mais, e as águas quentes trocam umidade com a camada de ar frio que está logo acima da superfície. A frequência deste tipo de nevoeiro é, em especial, frequente com vales cortados por rios.

As moléculas do manancial de água estão sempre evaporando, levando umidade para o ar. Quanto mais quentes as águas, maior a evaporação e maior a presença de umidade no ar. Se uma noite fria e de céu claro é registrada, aproximando-se a temperatura do ponto de orvalho, o nevoeiro começa a se formar e neste tipo de situação, em regra, é raso, o que permite ver até o topo dos prédios mais altos.