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Vendaval causou destruição na capital e interior paulista | PREFEITURA DE ARAÇOIABA DA SERRA

Vendavais espalharam destruição hoje em grande número de cidades do estado de São Paulo com destelhamentos, queda de centenas de árvores, colapso de estruturas e ainda falta de energia. Uma morte foi confirmada pelos vendavais destrutivos, no município de Osasco.

O que levou a onda de vendavais na tarde desta sexta-feira no estado de São Paulo foi uma condição meteorológica muito semelhante ao que ocorreu no Sul do Brasil no último dia de junho de 2020, quando do episódio do ciclone bomba de 30 de junho e 1º de julho daquele ano.

O que ocorreu? No dia 30 de junho de 2020, uma poderosa linha de instabilidade que se formou no ambiente ciclogenético (de formação do ciclone extratropical) causou muita destruição e uma dezena de mortes ao avançar por Santa Catarina e o Paraná, causando enormes estragos.

Em baixas pressões profundas, a atmosfera tende a se tornar muito instável e favorece a formação de instabilidade, Quando de um ciclone, que se forma pelo contraste de ar frio e quente, frente fria avança associada ao deslocamento do ar frio para Norte e em sua dianteira ocorre não raro a formação de linhas de instabilidad pré-frontais intensas.

Com a baixa pressão, estas linhas de instabilidade se deslocam velozmente. Isso acaba por aumentar o potencial para vendavais, uma vez que nuvens de tempestade em forma de linha de deslocamento rápido habitualmente formam frentes de rajadas com vendavais destrutivos.

Em julho deste ano, em condição muito parecida, quando do ciclone extratropical da metade do mês, uma potente linha de instabilidade com centenas de quilômetros de extensão, avançava do Noroeste gaúcho até o Paraguai. Esta linha causou vendavais destrutivos e, no caso do Noroeste do Rio Grande do Sul, até tornados.

O ciclone de julho começou a se formar sobre o Rio Grande do Sul, logo sobre o continente, o que é pouco comum, e os danos mais severos por vento no estado gaúcho se deram justamente pelos vendavais associados à linha de instabilidade que varreu diversas cidades do Noroeste gaúcho com microexplosões, tornados e vendavais intensos com vento horizontal (straight line winds).

Foto aérea da destruição no Norte gaúcho na linha de instabilidade associada ao ciclone extratropical em julho deste ano. | GOVERNO DO RIO GRANDE DO SUL

O cenário se repetiu hoje no estado de São Paulo. Linha de instabilidade pré-frontal associada ao ambiente chamado de ciclogenético se formou a partir de nuvens carregadas que se deslocaram do estado do Paraná para o Oeste e o Sul do território paulista com chuva intensa, muitos raios e vendavais.

IPMET

A imagem de radar das 15h mostrava claramente a linha de instabilizando cruzando por grande parte do estado de São Paulo. Este tipo de formação, que avança numa grande velocidade, costuma produzir vendavais. Por isso, em várias cidades foram observadas nuvens do tipo arco comuns em frentes de rajadas.

A imagem de satélite das 15h desta sexta-feira mostrava nuvens muito carregadas associadas à linha de instabilidade avançando rapidamente de Oeste para Leste sobre o Centro, Sul e o Leste do estado de São Paulo. Foram estas nuvens que fizeram o dia virar noite com vendaval na capital paulista e na Grande São Paulo.

METSUL

As rajadas de vento que atingiram na cidade de São Paulo chegaram a 104 km/h no Aeroporto de Congonhas. No interior, estações do Instituto Nacional de Meteorologia registraram 90 km/h em Lins, 87 km/h em São Miguel Arcanjo, 84 km/h em Itapeva e Bauru, e 78 km/h em Valparaíso. Muitos pontos sem medição meteorológica devem ter tido rajadas acima de 100 km/h.

Observava-se no momento dos violentos vendavais da tarde de hoje no estado de São Paulo uma massa de ar frio de forte intensidade avançando pelo Norte da Argentina enquanto sobre o território paulista atuava ainda ar mais quente. O contraste térmico organizava a frente fria, e na dianteira do sistema frontal se organizou a potente linha de instabilidade.

METSUL

Assim, o que ocorreu no estado de São Paulo hoje foi efeito do ciclone extratropical em aprofundamento na costa Sudeste do Rio Grande do Sul. O ciclone, por outro lado, em nenhum momento vai chegar perto do estado de São Paulo. O sistema vai se deslocar para Leste e Sudeste no fim de semana, afastando-se do continente, mas trará vento forte a intenso neste sábado no Sul e no Leste gaúcho assim como no Planalto Sul e na costa catarinense.

O ciclone vai impulsionar ar seco e mais frio para o estado de São Paulo neste fim de semana, o que vai melhorar o tempo com o retorno do sol. O tempo aberto e a massa de ar frio vão trazer noites frias no começo da semana que vem na capital paulista e em muitas cidades do interior do estado.

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