A sequência de imagens de radar meteorológico do DECEA/FAB abaixo mostra uma perfeita supercélula de tempestade (mesociclone) sobre a província argentina de Corrientes, logo a Oeste de São Borja, pouco antes das 23h do sábado (18). Observa-se a presença do que em Meteorologia se chama de “eco em gancho” (hook echo), assinatura clássica no radar de um forte tornado. Nem todos os “ecos em gancho” significam a presença do tornado, entretanto é comum que este tipo de fenômeno se faça presente quando há esta característica de assinatura no radar, tanto que o Serviço Nacional de Meteorologia nos Estados Unidos tem por regra emitir alertas de tornados quando da presença destas assinaturas no radar.
Na mesma hora em que o eco em gancho apareceu nas imagens do radar meteorológico que cobre a Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, a MetSul Meteorologia, que naquele momento monitorava o tempo severo, informou mediante as suas redes sociais que provavelmente havia um forte tornado a Oeste de São Borja sobre a vizinha província argentina de Corrientes.
E, de fato, havia um tornado na região em que aparecia a assinatura de vórtice. Conforme noticiado pela imprensa argentina, “um forte tornado arrasou com casas, postes, árvores e antenas de telefonia na cidade de Carlos Pellegrini”, em Corrientes.
São Borja teve sorte sábado à noite. Muita sorte! A supercélula de tempestade alcançou o município gaúcho, trouxe vento de 98 km/h (possivelmente mais em alguns pontos fora da área da estação do Instituto Nacional de Meteorologia) e alguns danos isolados, mas quando atingiu São Borja a célula não mais tinha a estrutura tornádica que antes apresentava. A Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul teve no final de outubro de 1997 o seu pior tornado em Itaqui e a vizinha cidade argentina de Alvear. Em Itaqui, faixa de 400 metros na área urbana foi arrasada com milhares de casas total ou parcialmente destruídas.