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O seguidor da MetSul Gabriel Wolkind teve sorte de sentar-se junto à janela do avião nesta segunda-feira ao fazer um voo entre Porto Alegre e a cidade do Rio de Janeiro. Ao sobrevoar o oceano, na costa do Sul do Brasil, presenciou sobre o mar uma série de fileiras de nuvens rolos que davam um espetáculo no céu.

Rolos convectivos horizontais sobre o Atlântico nos litorais do Rio Grande do Sul e Santa Catarina no começo da tarde de hoje com ar quente avançando sobre a parcela de ar mais fria acima do oceano | GABRIEL WOLKIND

Nada mais são que “ruas de nuvens” ou “cloud streets” no jargão da Meteorologia em Inglês. As ruas de nebulosidade são longas fileiras de nuvens Cumulus orientadas paralelamente à direção do vento. O nome técnico, mais especificamente, é rolos convectivos horizontais.

Rolos de convecção de ar quente ascendente e ar frio descendente formam ruas de nuvens. Primeiro, o ar quente ascendente esfria gradualmente à medida que sobe para a atmosfera. Então, quando a umidade na massa de ar quente esfria e condensa, ela forma nuvens. Enquanto isso, o ar frio afundando em ambos os lados da zona de formação de nuvens cria uma área livre de nuvens. Mais tarde, quando várias dessas massas de ar alternadas subindo e descendo se alinham com o vento, as ruas de nuvens se desenvolvem.

No caso de hoje, conforme as imagens de satélite, as ruas de nuvens visualizadas pelo seguidor da MetSul estavam sobre o Oceano Atlântico na altura dos litorais Norte gaúcho e Sul de Santa Catarina, mais precisamente sobre o mar a Leste de Torres e dos balneários do Sul catarinense. Pelas imagens de satélite, algumas fileiras de nuvens se estendiam por centenas de quilômetros sob ar mais quente avançando sobre parcela de ar mais fria sobre as águas resfriadas.


ZOOM EARTH

Geralmente, as ruas de nuvens normalmente formam linhas bastante retas em áreas grandes e planas, como o oceano. No entanto, quando características geológicas como ilhas interrompem o fluxo do vento, essa interrupção pode criar padrões em espiral nas ruas de nuvens. Isso é semelhante à maneira pela qual grandes pedras criam redemoinhos nos rios. Notavelmente, os padrões espirais nas nuvens, chamados de ruas de vórtice de von Kármán, receberam o nome de Theodore von Kármán, cofundador do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA. Ele foi um dos primeiros cientistas a descrever esse tipo de fenômeno atmosférico.

As condições mais favoráveis para a formação dos rolos ocorrem quando a camada de ar mais baixa é instável, mas é coberta por uma inversão, logo por camada de ar estável. Deve haver um vento moderado. Isso geralmente ocorre quando o ar superior está diminuindo, como em condições anticiclônicas. Oocorre ainda quando nevoeiro de radiação se forma durante a noite. A convecção ocorre abaixo da inversão, com o ar subindo em térmicas abaixo das nuvens e afundando no ar entre as ruas.

Para que se formem estas fileiras de nuvens, conforme estudos, os ventos de superfície devem estar entre 20 km/h e 30 km/h e a direção quase constante com altura na camada convectiva. Há necessidade ainda de inversão ou camada estável para limitar o desenvolvimento vertical de correntes convectivas, geralmente a uma altura de 1,5 a 2 quilômetros. A velocidade do vento deve aumentar ainda com a altura até um máximo de pelo menos 40 km/h na parte média ou superior da camada de convecção. Acima destes níveis, o vento pode diminuir ou aumentar novamente.

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