O retorno do sol é um tremendo alívio para os gaúchos depois de mais um episódio de chuva excessiva que marcou a semana, mas os problemas em consequência das precipitações com acumulados muito altos dos últimos dias ainda se fazem sentir em várias comunidades gaúchas com cheias de rios e áreas alagadas.
Conforme a localidade e a bacia, a situação melhora ou se agrava. Na maioria dos locais, os rios já baixam, mas em algumas cidades os níveis dos rios ainda sobem com a chegada da vazão gerada pelos elevados volumes de chuva anotados entre terça e ontem. Em muitos municípios, famílias desabrigadas ou desalojadas iniciam retorno para suas residências.
Em Pedro Osório, por exemplo, o Rio Piratini que chegou a 10 metros acima do seu nível normal, já apresentou sinais de recuo. As 65 pessoas que estavam no salão da igreja da cidade retornam para suas residências. Igual condição em Cerrito, onde rio se estabilizou e passou a ceder. A Prefeitura irá auxiliar as famílias que estavam no ginásio e as outras 150 que estavam abrigadas na casa de parentes ou amigos a retornarem para suas residências.
São Lourenço do Sul, que enfrentou cheia do arroio São Lourenço, retornou à normalidade já ontem. Pessoas que estavam no Salão Paroquial Nossa Senhora de Fátima começaram o retorno para suas casas. Em Jaguarão, na fronteira com o Uruguai, as 40 famílias ribeirinhas que estavam fora de suas casas devido à cheia do rio também começaram a retornar para suas moradias.
Em Camaquã, entre 10 e 15 casas ainda estavam alagadas ontem na ilha Santo Antônio. Em Encruzilhada do Sul, as aulas seguem suspensas nesta sexta. Em torno de 20 pontes localizadas na zona rural foram danificadas, além de bueiros e aterros de pontes que romperam. O gado foi levado pela enxurrada na zona rural. Em algumas localidades, em razão das pontes caídas, ainda há pessoas ilhadas.
Em Cristal, o nível do rio Camaquã seguia aumentando lentamente. Em torno de 20 famílias do bairro da Baixada foram para a casa de parentes ou amigos. O rio Camaquã estava com 8 metros ontem na localidade do Sul do estado. Em Pelotas, a Ecosul, concessionária que administra o Polo Rodoviário de Pelotas, liberou a passagem de veículos entre os municípios de Turuçu e Pelotas. No momento, onze pontes da zona rural permanecem interditadas por causa do transbordamento de rios e arroios.
Em Canguçu, há mais de 60 pontes com problemas. Sete foram levadas pela água. Além disso também tiveram problemas 94 bueiros e perto de quatro mil quilômetros de estradas avariadas, precisando de intervenção do poder público. Com o rompimento de duas barragens no loteamento Renascer, animais foram levados pela água. Em Rio Grande, município que está em emergência, quase cem pessoas seguiam desalojadas na Vila da Quinta, onde o Arroio das Cabeças continua cheio. Em Dom Pedrito, na Campanha, o rio Santa Maria ainda subia ontem.
No Oeste, o Rio Ibirapuitã atingiu mais de 11,5 metros e começou a estabilizar em Alegrete. Centenas de pessoas, entretanto, ainda seguem fora de suas casas pela cheia que perdura diversos dias e foram levadas para o ginásio Oswaldo Aranha. A cheia do Rio Santa Maria retira pessoas de suas casas também em Rosário do Sul, onde muitas áreas perto do rio continuam sob as águas.
No Centro do estado, Rio Pardo enfrenta enchente. A inundação afeta diferentes áreas do municípios com maior gravidade na Praia dos Ingazeiros e na ponte da ERS-403. Em Santa Cruz do Sul, mais de 40 pessoas foram afetadas pela chuva, sendo que a maioria encontrou abrigo junto a familiares. Em função da diminuição no nível do Rio Pardinho, a água no Bairro Várzea já começou a baixar. Com baixa no nível do Rio Pardinho, o trânsito na ERS-409 foi liberado. Em Cachoeira do Sul, o Rio Jacuí segue muito alto e desaloja famílias.
No Vale do Caí, após romper a cota de inundação, o Rio Caí estava estabilizado na cidade de Montenegro. A leitura da madrugada desta sexta-feira indicou 6,17 metros. Às 21h30 de ontem, o nível medido foi de 6,14 metros. Em nota, a Prefeitura de Montenegro destacou que esta é a quarta enchente do ano, “algo inédito em décadas”.