
Rio Paraguai tem vários pontos sem água no Paraguai com a baixa histórica e recorde pela seca prolongada | NORBERTO DUARTE/AFP/METSUL METEOROLOGIA
O nível do Rio Paraguai no porto de Assunção atingiu seu menor nível histórico na manhã desta quinta-feira. A medição apontou uma altura de -0,55 metro, superando o recorde mínimo prévio, de outubro de 2020, que foi de -0,53 metro. A regra hidrométrica confirmou o novo recorde para a parte baixa do rio Paraguai. A Administração Nacional de Navegação e Portos (ANNP) confirmou que foi superada a linha mínima do registro de 25 de Outubro de 2020. Especialistas alertam que nos próximos dias a baixa pode ser ainda maior com um novo recorde mínimo a cada dia.
Por outro lado, as autoridades paraguaias informaram que as chuvas previstas para hoje e amanhã pela Dirección de Meteorologia e Hidrologia (DMH) podem amortizar um pouco a baixa. A crise hidrológica foi intensificada pelo fenômeno La Niña do final de 2020 e o começo deste ano e agora se anuncia um novo episódio do fenômeno.
“A seca afetou gravemente os níveis dos rios e isso causou uma queda acentuada porque nestes dois anos, 2020 e 2021, o recorde mínimo histórico foi quebrado”, disse Max Pastén, gerente de Previsões Hidrológicas. Ele explicou que a queda se deve ao forte impacto da estiagem que começou a se fazer sentir no ano passado e que em 2021 se agravou. O expert acrescentou ainda que o setor mais afetado é o de navegação e não descartou que em alguns pontos comece a restringir a passagem de navios.
Rio Paraná
A MetSul recentemente publicou um especial mostrando como a seca afeta o Rio Paraná na Argentina, Paraguai e Brasil com consequências econômicas, ambientais, logísticas e para o setor de energia. O jornal norte-americano The New York Times dedicou uma página inteira para retratar em um especial de domingo o impacto da seca no segundo maior rio da América do Sul como efeito das mudanças climáticas.
No Brasil, dados do Operador Nacional do Sistema mostram que o quadro da bacia do Rio Paraná hoje é crítico e piorou com a temporada seca do inverno no Brasil Central. São dezenas de usinas espalhadas pela calha principal do Rio Paraná e pelos rios que compõem a sua bacia, como Paranaíba, Grande, Tietê, e Paranapanema. A Bacia do Paraná responde hoje por mais da metade da capacidade nacional de geração de energia do País.
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), liderado pelo Ministério de Minas e Energia, recomendou a adoção de manobras para manter vazão mínima, como forma de guardar água para atender à demanda de energia nos próximos meses.
Na Usina Hidrelétrica de Porto Primavera, em Rosana (SP), a redução de vazão já causou a formação de ilhas no leito do Rio Paraná, o comprometimento na qualidade da água e a morte de peixes, segundo relatório técnico da Companhia Energética de São Paulo (Cesp).