A última vez em que uma tempestade subtropical se formou na costa brasileira foi há dois anos, em maio de 2002. Foi o último ciclone anômalo a ser batizado pela lista antiga da Marinha do Brasil e teve os seus maiores impactos no Rio Grande do Sul e no Uruguai com vítimas e estragos. O ciclone subtropical foi batizado com o nome Yakecan.
A tempestade deixou dois mortos, sendo uma vítima no Uruguai e outra no Rio Grande do Sul. No país vizinho, por conta dos fortes ventos, uma árvore caiu sobre residência e causou a morte do morador. Já no Rio Grande do Sul, um homem morreu depois que a embarcação pesqueira em que estava naufragou com o vento no Guaíba, em Porto Alegre.
Foi um evento de grande impacto no setor elétrico, em particular no Rio Grande do Sul. Mais de 200 mil clientes ficaram sem energia no estado ou perto de um milhão de pessoas. Grande número de postes caiu com a força do vento e alguns quebraram ao meio. O vento ainda causou ainda queda de árvores, agravando os problemas para a rede elétrica.
A região mais afetada pelo ciclone subtropical Yakecan foi o litoral, onde as rajadas de vento passaram de 100 km/h. Várias estações meteorológicas não estavam operacionais, o que prejudico o registro da velocidade do vento na faixa costeira do Rio Grande do Sul no evento.
Municípios como Mostardas, Palmares do Sul e Tavares ficaram às escuras durante a passagem do ciclone pela costa. Em Tramandaí, o vento destelhou o hospital da cidade. Mais ao Norte na costa, rajadas violentas de vento causaram extensos danos na cidade de Três Cachoeiras.
Em Porto Alegre, o vento foi muito forte durante a noite de 17 para 18 de maio de 2022, quando o ciclone Yakecan estava exatamente na costa gaúcha. As rajadas causaram queda de árvores e falta de luz. O vento era acompanhado de chuva forte e temperatura baixa.
Relato nesta sequência de vídeos os reflexos mais intensos registrados no Centro Histórico de Porto Alegre da passagem do ciclone #Yakecan 🌀 pelo Rio Grande do Sul @correio_dopovo @metsul pic.twitter.com/DNGOuz6qmH
— Jonathas Costa (@jonathasac) May 18, 2022
Em Santa Catarina, as rajadas de vento chegaram a 157 km/h no Mirante da Serra do Rio do Rastro, no município de Bom Jardim da Serra. Com a força do vento, um caminhão que estava parado na área do mirante chegou a ser virado nas rajadas mais fortes.
Durante a madrugada desta quarta-feira (18) o vento forte provocado pelo ciclone Yakecan chegou a casa dos 157 km/h no Mirante da Serra do Rio do Rastro. O vídeo da polícia rodoviária mostra que um caminhão chegou a tombar. pic.twitter.com/JqHD28YHeK
— Leandro Puchalski (@LeandroPuchalsk) May 18, 2022
Yakecan foi uma tempestade subtropical não convencional. Normalmente, este tipo de sistema meteorológico se forma na costa brasileira e avança depois para Sul ou Leste. O ciclone de maio de 2022, ao contrário, avançou de Sul e se aproximou muito da costa do Uruguai e do Rio Grande do Sul, antes de se distanciar para Leste na altura de Santa Catarina.
Uma vez que estava acompanhado de uma forte massa de ar frio, a circulação de umidade do ciclone subtropical Yakecan de maio de 2022 acabou por favorecer pelas nuvens de maior desenvolvimento a ocorrência de neve e chuva congelada nas áreas de maior altitude do Sul do Brasil, em especial no Planalto Sul Catarinense.
Neste momento, com os dados disponíveis hoje, não há indicativo de que a tempestade subtropical Akará, que atuará nos próximos dias a Leste do Sul do Brasil, produza impactos significativos no continente. A trajetória do fenômeno, entretanto, ainda é incerta e os próximos dias devem sinalizar qual rumo exato deve tomar o ciclone.
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