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População mais pobre e que mora nas ruas é de maior risco de choques de calor e mortes em Phoenix | BRANDON BELL/GETTY IMAGES/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O espantoso período recorde de máximas diárias iguais ou acima de 110ºF (43,3ºC) na cidade norte-americana de Phoenix, estado do Arizona, acabou na segunda-feira. A brutal onda de calor que atinge o Sudoeste dos Estados Unidos cedeu um pouco com a ocorrência de chuvas de monções, praticamente ausentes até então neste verão.

O calor histórico começou a atingir a região em junho, estendendo-se do Texas, Novo México e Arizona até o deserto da Califórnia. Phoenix e seus subúrbios suaram mais e por mais tempo do que a maioria das cidades do Sudoeste norte-americano, com vários recordes, incluindo os 31 dias consecutivos de ao menos 43,3ºC. O recorde prévio de dias acima de 43,3ºC era de 18 dias consecutivos, estabelecido em 1974.

A sequência absurda de dias acima de 43,3ºC, enfim, foi quebrada na segunda-feira, quando a máxima atingiu 108ºF (42,2ºC) às 15h10. “A sequência recorde de 31 dias consecutivos de temperaturas de mais de 110ºF terminou.”, informou o escritório do Serviço Nacional de Meteorologia (NWS) dos Estados Unidos, em Phoenix, por suas redes sociais.

Só que o recuo do calor mais extremo é temporário, afinal vai seguir muito quente e a previsão indica que as temperaturas máximas novamente vão ficar acima de 110ºF (43,3ºC) por vários dias a partir do final desta semana. O Serviço Nacional de Meteorologia avalia que agosto pode ser ainda mais quente que julho.

Phoenix teve outro recorde. Foram 16 dias consecutivos em que as mínimas noturnas não caíram abaixo de 90ºF (32,2ºC), tornando difícil para as pessoas se refrescarem depois que o sol se põe e agravando o risco de impactos na saúde pelas altas temperaturas.

O calor em níveis insuportáveis no Sudoeste dos Estados Unidos fez com que pessoas morressem e desmaiassem nas ruas, se queimando no piso, no Arizona. Hospitais registraram movimento como não se via desde o auge da pandemia em Phoenix, no Arizona.

As pessoas no Sudoeste dos Estados Unidos estão acostumadas a verões brutais e ao calor extremo, mas nada comparado ao que vem se enfrentando. Normalmente, as monções de verão trazem chuva que aliviam o calor, mas não neste verão em que uma bolha de calor impede a ocorrência de chuva.

Em 2022, 425 pessoas morreram de mortes associadas ao calor no condado de Maricopa, onde está Phoenix, a quinta maior cidade dos Estados Unidos, um aumento de 25% em relação a 2021, de acordo com o último relatório do Departamento de Saúde Pública de Maricopa.

O calor é particularmente brutal em um extenso acampamento de moradores sem-teto no centro de Phoenix, conhecido como “The Zone” (“A Zona”). A cidade retira lentamente as tendas quarteirão a quarteirão, uma medida polêmica que gera ações judiciais.

Profissionais de saúde que trabalham na área afirmam por suas contagens que o número de pessoas que vivem lá permaneceu o mesmo ou até aumentou. Quase não há árvores e pessoas sofreram queimaduras de segundo grau depois de desmaiar ou adormecer no asfalto quente e nas calçadas.