Silicon Valley Bank (SVB) é maior banco a quebrar nos Estados Unidos desde a crise financeira de 2008 e era o principal financiador de empresas de tecnologia voltadas às mudanças no clima | JUSTIN SULLIVAN/GETTY IMAGES/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A quebra do Silicon Valley Bank (SVB), com sede na Califórnia, caiu como uma bomba para a indústria tecnológica nos Estados Unidos e ficou claro que algumas das piores vítimas foram empresas desenvolvendo soluções para a crise climática, noticiou o jornal New York Times.

O banco, o maior a quebrar nos Estados Unidos desde 2008, trabalhava com mais de 1.550 empresas de tecnologia que estão criando projetos de energia solar, hidrogênio e armazenamento de baterias. De acordo com seu site, o banco emitiu bilhões em empréstimos.

“O Banco do Vale do Silício era, em muitos aspectos, um banco climático”, disse Kiran Bhatraju, executivo-chefe da Arcadia, a maior administradora comunitária de energia solar do país. “Quando você tem a maior parte do mercado bancário por meio de uma instituição, haverá muitos danos colaterais”, disse.

Projetos solares comunitários parecem ser especialmente atingidos. O Silicon Valley Bank disse que liderou ou participou de 62% dos acordos de financiamento para projetos solares comunitários, que são projetos solares de menor escala que geralmente atendem a áreas residenciais de baixa renda.

A devastação ocorre em um momento crítico para uma indústria incipiente que é fundamental para o esforço de reduzir os gases de efeito estufa que aquecem perigosamente o planeta. O governo norte-americano depende de empresas de tecnologia climática para desenvolver as inovações necessárias e prometeu bilhões em isenções fiscais para ajudá-las a crescer e amadurecer.

“Se o fluxo de financiamento para a inovação climática em estágio inicial parar durante esses anos críticos, isso será um grande problema”, disse Daniel Firger, fundador da Great Circle Capital Advisors, que presta consultoria sobre questões financeiras sustentáveis.

O colapso do Silicon Valley Bank ameaça descarrilar o que era uma parte rápida e crescente do setor de capital de risco. Mais de 28 bilhões de dólares foram investidos em start-ups de tecnologia climática no ano passado, um aumento acentuado em relação ao ano anterior, de acordo com o HolonIQ, um provedor de dados.

“A tecnologia climática é um dos poucos pontos positivos em uma desaceleração tecnológica geral”, disse Sarah Sclarsic, sócia-gerente da Voyager, uma empresa de capital de risco com investimentos em empresas de tecnologia climática. “Não se trata de pessoas no Vale do Silício construindo aplicativos de compartilhamento de fotos. São pessoas de todo o país, em Detroit e Texas e em todos os lugares, construindo coisas que importam”, afirmou.

As autoridades dos Estados Unidos e da Europa tentam nesta segunda-feira acalmar os temores sobre a saúde do sistema bancário, após a falência do Silicon Valley Bank (SVB), que forçou a tomada de medidas para proteger os depósitos.

Ontem, as autoridades norte-americanas anunciaram medidas para proteger o dinheiro depositado no banco californiano SVB e para tranquilizar clientes individuais e empresas. Hoje, suas homólogas britânicas fizeram o mesmo.

O governo dos Estados Unidos anunciou medidas radicais para resgatar, em sua totalidade, o dinheiro dos clientes do falido SVB e prometeu que outras instituições ajudarão a atender as necessidades dos clientes. Ao mesmo tempo, os entes reguladores fecharam um segundo banco do setor de tecnologia.

Em um comunicado conjunto, as agências financeiras e o Departamento do Tesouro norte-americano disseram que os clientes do SVB terão acesso a “todo seu dinheiro” a partir desta segunda-feira. Garantiram, ainda, que os contribuintes não pagarão pelo descalabro.

A liquidação de dois bancos em três dias levou o presidente dos Estados Unidos Joe Biden a tranquilizar os norte-americanos de que o setor bancário do país estava seguro, dizendo que os depósitos dos clientes “estarão lá quando você precisar deles”.

Biden disse que seu governo tomou medidas rápidas para conter os danos do colapso do Silicon Valley Bank, um credor outrora obscuro que se concentrava em clientes empresariais, incluindo start-ups em todo o setor de tecnologia, que foi à bancarrota na sexta-feira.