Ciclone subtropical Biguá atinge neste o domingo o Sul e a Metade Leste do Rio Grande do Sul com chuva, em alguns locais com pancadas passageiras fortes a torrenciais, e rajadas de vento em muitas áreas fortes e por vezes até isoladamente intensas.
Os dados apurados pela MetSul Meteorologia mostram que o vento muito forte trouxe rajadas de 80 km/h a 100 km/h entre a madrugada e o período da manhã em cidades do Sul do Rio Grande do Sul, o que provocou queda de árvores e falta de luz em vários municípios.
É altamente provável que tenham ocorrido rajadas superiores a 100 km/h no extremo Sul gaúcho em consequência de Biguá, mas há uma péssima cobertura de estações meteorológicas automáticas na área.
Não há medição, por exemplo, nas áreas da reserva do Taim e da Lagoa Mirim, onde se acredita o vento tenha sido mais forte. No Chuí, a estação oficial está sem equipamento medidor de vento funcionando. A estação do governo em Mostardas, também na costa, igualmente está sem dados.
Com o deslocamento do ciclone para Norte, pelo Leste do Rio Grande do Sul ao longo deste domingo, as rajadas de vento chegaram ao Norte da Lagoa dos Patos, Porto Alegre, região metropolitana e Litoral Norte.
Por volta das 14h deste domingo, uma banda externa de nebulosidade precedendo o vórtice do centro do ciclone subtropical alcançou a área de Porto Alegre com chuva forte a torrencial de curta duração e ainda rajadas de vento forte a intensas.
🌀 TEMPO | Queda de árvores em Pedro Osório por efeito do intenso vento do ciclone Biguá. 📷 Afonso Coelho pic.twitter.com/6mYl5auCvs
— MetSul.com (@metsul) December 15, 2024
💦 AGORA | Chuva torrencial e baixa visibilidade na BR-290 em Eldorado do Sul com área de instabilidade forte associada à circulação do ciclone Biguá. 📷 @Estaelsias pic.twitter.com/LFTCuFiOrV
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A estação meteorológica do Aeroporto Salgado Filho registrou em boletim especial às 14h22 rajada de vento de 45 nós ou 83 km/h por efeito da banda externa de nuvens carregadas associada ao vórtice do ciclone.
As rajadas foram fortes também em cidades da área metropolitana de Porto Alegre durante a passagem da banda externa de nebulosidade com registro de rajada de 73 km/h em estação meteorológica no Centro de Canoas às 14h30.
O vórtice do ciclone alcançou a área de Porto Alegre por volta das 16h, trazendo céu encoberto, chuva e vento depois de horas seguidas de vento e alternância de períodos de sol com chuva isolada e passageira.
Com a chegada do vórtice, o vento se tornou mais persistente. Medição do aeroporto da capital das 16h indicou rajadas de vento de 40 nós ou 74 km/h e aumentavam as ocorrências de queda de energia também em Porto Alegre.
Quando acalma o vento do ciclone?
A pergunta feita à exaustão na tarde deste domingo nas redes sociais da MetSul é sobre quando deve acalmar o vento por ora ainda forte provocado pelo ciclone subtropical Biguá no Leste do Rio Grande do Sul.
Então, os mapas a seguir mostram a projeção horária de vento do nosso modelo de alta resolução inicializado com o modelo norte-americano GFS que oferece um panorama de quando vai ceder o forte vento do ciclone.
Como se observa nos mapas, o restante deste domingo ainda tem rajadas de vento no Sul e no Leste do Rio Grande do Sul, mas elas tendem a ficar menos frequentes a partir da noite de hoje na maioria das áreas, exceção do Litoral Norte e da Serra, onde o vento aumenta.
O vento cede inicialmente pelo Sul do estado com rajadas mais esporádicas, mas no final deste domingo ainda podem ser registradas rajadas na Região Carbonífera, nos vales, Porto Alegre, região metropolitana, Norte da Lagoa dos Patos, Leste da Serra e Litoral Norte, mas que com o passar das horas tendem a ser menos frequentes, embora isoladamente ainda fortes.
O vento tende a começar a ceder mais a partir da noite de hoje ou madrugada da segunda porque a pressão atmosférica no centro de Biguá tende a subir, o que deve levar ao enfraquecimento do sistema e sua desorganização.
Nesta segunda-feira, o vento no começo do dia ainda sopra com rajadas esporádicas no Leste e no Nordeste gaúcho, mas no decorrer do dia a força do vento cede bastante e as rajadas cessam. O Litoral Norte e a Serra do Mar ainda devem ter vento em parte da segunda.
Por que Biguá é um ciclone diferente?
Este ciclone é considerado atípico por ser subtropical e, por essa razão, acaba sendo batizado com um nome pela Marinha do Brasil. Biguá é ave marinha na língua tupi e o segundo nome a ser usado na nova lista de nomes de ciclones atípicos da armada brasileira. O primeiro foi Akará para uma tempestade subtropical que se formou na costa do Sudeste do Brasil em fevereiro deste ano.
A regra é que os ciclones (centros de baixa pressão) não tenham características subtropicais ou tropicais em nossa região. Já os ciclones extratropicais – que não recebem nomes – são comuns no Atlântico Sul e se formam principalmente das latitudes do Rio Grande do Sul para o Sul.
A diferença entre um ciclone extratropical e um ciclone subtropical está na estrutura, localização e mecanismos que os alimentam. O ciclone extratropical, que é o comum em nossa região, se forma em latitudes médias e altas.
Estão associados a frentes frias e quentes, e é alimentado por diferenças de temperatura entre massas de ar frio e quente (gradiente térmico horizontal). Possui um núcleo frio, com temperatura central menor que nos arredores, com frentes meteorológicas bem definidas.
Já o ciclone subtropical se forma em latitudes subtropicais, geralmente entre 20° e 40°, e sua alimentação é mista, combinando gradiente térmico horizontal com processos associados ao calor liberado pela condensação de vapor d’água.
O ciclone subtropical apresenta uma estrutura intermediária, sendo um ciclone híbrido, com características de ciclones tropicais e extratropicais, e um núcleo frio em altura e quente em baixos níveis da atmosfera.
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