Ciclone subtropical se formou na costa do Litoral Sul na noite de sábado e avançou para o continente neste domingo com uma trajetória retrógrada, avançando de Sul para Norte pelo Leste do Rio Grande do Sul como uma tempestade subtropical, fenômeno muito pouco comum na climatologia regional do Rio Grande do Sul.
Uma vez que se trata de um ciclone atípico (subtropical ou tropical) foi nomeado pela Marinha com o nome Biguá, ave marinha. A tempestade subtropical Biguá foi o primeiro ciclone atípico a afetar o estado desde maio de 2022, quando a tempestade subtropical Yakecán causou estragos e deixou vítimas no Uruguai e no Rio Grande do Sul.
Estações meteorológicas na região de Pelotas indicaram valores de pressão atmosférica de 995 hPa ou menores, o que é muito baixo. O vento mais forte se concentrou no Sul e no Leste do Rio Grande do Sul, por onde passou o ciclone.
Estações oficiais do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indicaram 84 km/h em Canguçu, 83 km/h em Caçapava do Sul e 81 km/h em Capão do Leão.
Na área onde o vento foi mais intenso, no extremo Sul, entre o Taim e a Lagoa Mirim, não há estações e a mais próxima, no Chuí, que é do Inmet, está com o sensor de vento inoperante. Nesta área, a MetSul acredita que o vento tenha ficado ao redor ou acima de 100 km/h.
Com o deslocamento do ciclone subtropical Biguá para Norte, sobre a Lagoa dos Patos, as fortes a intensas rajadas chegaram a pontos do Centro gaúcho, Norte da Lagoa dos Patos, Porto Alegre, região metropolitana, Leste da Serra e o Litoral Norte.
Na capital, as estações do aeroporto (zona Norte) e do clube Jangadeiros (zona Sul) anotaram vento de 83 km/h na tarde de ontem. Em Canoas, no Centro, o vento foi a 73 km/h.
Ciclones são comuns em nosso clima, mas o do tipo extratropical, não da natureza subtropical, como o de ontem. O extratropical tem centro frio, o tropical quente e o subtropical é híbrido com características de extratropical (comum) e o tropical (raro).
Os dados mostravam o risco do ciclone do fim de semana desde o começo da semana passada e os primeiros alertas da MetSul foram dados a partir de quarta-feira, 72h a 96h horas antes do evento.
E para onde vai o ciclone? Os mapas abaixo do modelo europeu mostram o que aconteceu e ainda vai ocorrer com este ciclone subtropical atípico e que fez estragos com transtornos no Rio Grande do Sul neste domingo.
Como se vê nos mapas, o centro do ciclone vai estar ainda sobre terra nesta noite de domingo, entre a Grande Porto Alegre e o Litoral Norte. Por isso, ainda ocorrem rajadas de vento, porém mais esporádicas à medida que o ciclone enfraquece, com chuva localmente forte.
Nesta segunda, na madrugada, o centro do ciclone vai estar sobre o mar na costa do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, porém mais fraco. Na sequência, o sistema se afasta mais do continente e enfraquece muito, desorganizando-se e a caminho da dissipação.
O subtropical Biguá, desta forma, será rebaixado de tempestade para depressão subtropical nesta noite à medida que a pressão em seu centro sobe e os ventos diminuem enquanto avança para o mar de volta e se afasta do estado nesta segunda.
O tempo, entretanto, ainda não firma. Muitas nuvens cobrem diversas regiões do Rio Grande do Sul neste segunda, sobretudo a Metade Leste, onde chove e garoa. Isoladamente pode chover forte. Apesar da instabilidade, podem ocorrer melhorias temporárias com aberturas. Na Fronteira Oeste e no Noroeste, o sol predomina.
O vento cede com o afastamento do ciclone, mas o Litoral Norte ainda tem rajadas esporádicas, sobretudo no começo do dia. A temperatura estará agradável na maioria das regiões gaúchas com maior aquecimento no Oeste e no Noroeste.