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O principal indicador atmosférico do Pacífico está cada vez mais em território de El Niño. O denominado Índice de Oscilação Sul (SOI na sigla em inglês) não para de cair na média móvel de 30 dias e está por larga margem em território do que poderia se esperar sob condições de El Niño presente.

De acordo com os últimos dados divulgados pelo governo australiano, neste 5 de junho, o valor da SOI está em -19,2 na média móvel de 30 dias. Já o valor na média móvel de 90 dias baixou para -7,2.

O Índice de Oscilação Sul (ou SOI em Inglês) começou a mergulhar em maio. O indicador esteve perto da média com -1,8 em março e -1,2 em abril, logo nem perto de estar em sinal de El Niño. Maio terminou com uma SOI mensal de -15,26.

O Índice de Oscilação Sul (SOI) é uma medida da intensidade ou força da Circulação de Walker. É um dos principais índices atmosféricos para medir a força dos eventos El Niño e La Niña e seus impactos potenciais. A SOI mede a diferença na pressão atmosférica em superfície entre o Taiti e Darwin (Austrália).

Quanto mais positivo o sinal da variável, maior é o sinal de La Niña. Quanto mais negativo for, maior o sinal de El Niño. Valores da SOI positivos sustentados acima de +8 indicam um evento La Niña enquanto valores negativos sustentados abaixo de -8 indicam um El Niño.

No oceanos, os sinais de El Niño são também cada vez mais evidentes. Conforme o boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, divulgado na manhã desta segunda-feira, a anomalia de temperatura da superfície do mar era de 0,8ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central, que é usada oficialmente para definir se há um El Niño na forma clássica e de impacto global.

O valor está na faixa de El Niño fraco (+0,5ºC a +0,9ºC) e ficou 0,4ºC acima do medido no boletim da semana passada. A anomalia semanal da temperatura da superfície do mar na região Niño 3.4 (5°S-5°N, 170-120°W) de +0,8°C é a mais alta desde a semana de 18 de março de 2020.

Por outro lado, a região Niño 1+2, estava com anomalia de +2,3ºC, em nível de El Niño costeiro forte a muito forte. El Niño costeiro não é El Niño clássico ou canônico. Trata-se de evento oceânico-atmosférico de aquecimento anômalo das águas do Oceano Pacífico equatorial nas proximidades das costas sul-americanas, junto ao Peru e Equador, que afeta o clima de países como Peru, Equador e às vezes o Chile.

É fenômeno local que não afeta todo o clima mundial e diferente do El Niño na sua forma clássica ou canônica, este de impacto global com aquecimento das águas irradiado na faixa equatorial, o que se espera para os próximos meses.

Por que ainda não há um El Niño declarado? A anomalia da temperatura da superfície do mar na região Niño 3.4 atingiu pela primeira vez patamar de El Niño em maio, entretanto ainda não se pode ainda afirma que um evento de El Niño tenha começado no Oceano Pacífico.

Anomalias positivas de ao menos 0,5ºC no Pacífico Equatorial Centro-Leste são necessárias para a caracterização de um El Niño, contudo por si só não são suficientes. São necessárias várias semanas consecutivas com aquecimento de no mínimo 0,5ºC nesta parte do Pacífico para que se declare um El Niño.

A MetSul espera que a NOAA declare um El Niño no final deste mês ou no mais tardar em meados de julho.  Os efeitos do fenômeno serão sentidos no segundo semestre deste ano com aumento da chuva no Sul do Brasil e redução das precipitações no Norte e no Nordeste.