O cenário de chuva para os próximos dez dias no Brasil em nada lembra o final de agosto e o começo do mês de setembro. No auge da estação seca, quando normalmente grande parte do país estaria sem chuva, a tendência é de ocorrência de precipitação em quase todo o país. Vai chover em locais que há muito tempo não chove no Planalto Central e o mapa de precipitação não mostrava precipitações tão generalizadas no Brasil desde o fim do verão e o começo do outono.
O mapa acima mostra a projeção de chuva para dez dias do modelo meteorológico europeu, disponível ao assinante (assine aqui) em nossa seção de mapas. Como se observa no mapa, há perspectiva de chover no período em todo o território brasileiro com condição generalizada de instabilidade mais comum de se observar no verão.
É importante esclarecer que não vai chover por dez dias seguidos e sim que a chuva vai se dar em momentos diferentes dentro de um período de dez dias, conforme a região do Brasil. O grande vetor da chuva mais generalizada será uma extensa e potente frente fria que vai se deslocar pelo território nacional nesta última semana de agosto.
A Região Norte deixou o período mais chuvoso do ano que se denomina de inverno amazônico, período do calendário em que há uma maior concentração das chuvas que vai de dezembro até meados de maio, e que normalmente concentra 60% a 70% da precipitação do ano. Parte da região começa, inclusive, a sofrer com uma seca por conta do fenômeno El Niño.
Com isso, os volumes de chuva diminuem na maior parte do Norte do Brasil, mas não deixa de chover. A frente fria que vai avançar pelo Brasil deve organizar um canal de umidade que vai estimular mais chuva entre os dias 26 e 31 sobre o Norte do Brasil com as precipitações alcançando áreas que vinham secas há meses, como Tocantins. Os maiores acumulados de chuva no Norte devem se dar no Amazonas, Rondônia, Sul do Pará e Tocantins.
Na Região Nordeste, inicialmente chove pouco com pancadas isoladas nas áreas perto da costa. Ocorre que a frente fria vai conseguir avançar pelo mar até o litoral nordestino e isso vai conseguir levar umidade para a região com chuva entre os dias 28 e 31 deste mês. Deve chover mais no Sul do Maranhão e do Piauí assim como no estado da Bahia.
Em cenário radicalmente distinto do que é normal no fim de agosto, no auge da estação seca, o Centro-Oeste vai ter chuva em muitas áreas da região nestes últimos dias de agosto. A frente fria que vai avançar do Sul vai organizar um canal de umidade que levará precipitação a grande parte da região entre os dias 25 e 30. Pode chover todos os dias em Brasília entre os dias 27 de agosto e 1o de setembro, o que não é nada comum em se tratando de fim de agosto.
O mesmo vale para o Sudeste do Brasil que, em regra, deveria estar muito seco e terá chuva volumosa em grande número de localidades na atuação desta frente fria nos últimos dias de agosto. A instabilidade será maior na Região Sudeste entre os dias 25 e 28 ou 29.
Vai chover de forma generalizada no Sudeste com as precipitações alcançando a integralidade das regiões de São Paulo e Minas Gerais na atuação desta frente. No que é notável para o fim de agosto, a chuva pode ter volumes altos, em muitas cidades acima da média do mês todo, em várias cidades mineiras e capixabas. Choverá também com acumulados altos para agosto ainda em pontos de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Na Região Sul, onde a chuva é comum em agosto, a frente fria traz chuva entre os dias 23 e 25, mas já antes chove na região por conta de áreas de baixa pressão associadas a massa de ar muito quente e instável. Na sequência, o tempo firme predomina e chove em áreas costeiras por conta do fluxo de umidade gerado por uma massa de ar frio no oceano. Os volumes de chuva nestes últimos dez dias de agosto não devem ser altos na maior parte do Sul do Brasil.