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Nenhum tema relacionado à Meteorologia ganhou tanta atenção nos últimos dias como o tornado em Oklahoma. Quase tudo já foi dito, mas uma questão merece análise: os códigos de construção das áreas atingidas. Os Estados Unidos têm o melhor sistema de prevenção e alertas do mundo. Muitas cidades têm sirenes para advertir sobre tornados. É freqüente ver casas com abrigos nas áreas mais suscetíveis ao fenômeno nas Planícies Centrais americanas. A realidade, porém, está longe de ser a ideal.

 

Na noite de quinta, o Jornal Nacional exibiu longa reportagem mostrando a reconstrução da cidade de Greensburg, no Kansas (imagem abaixo da FEMA), arrasada por um tornado em 2007 que deixou 11 mortos. Espetacular ver como a cidade se reergueu e como virou uma referência ambiental no uso de tecnologias limpas. Chocante, contudo, foi verificar que as casas seguem frágeis. E nada se falou também sobre a construção de abrigos.

 

Na sequência do desastre em Moore (imagens abaixo de reprodução de jornais), na última semana, o New York Times publicou interessante matéria sobre a falta de abrigos e vulnerabilidade construtiva. O site da Prefeitura de Moore, já arrasada por outro tornado em 1999, traz a recomendação que “cada casa deve ter um safe room (cômodo de material bastante resistente) ou porão subterrâneo”. Ocorre que nenhuma norma ou código de edificação da cidade exigiam tais abrigos, seja em casas, escolas ou comércios. E apenas 10% das casas tinham. Não havia ainda abrigo público, já que para a Prefeitura “o tempo médio de alerta de 15 minutos (foram 16 minutos no tornado da segunda) é insuficiente”.

 

Em Joplin, Missouri local de um dos piores tornados da história dos Estados Unidos, em 2011, com saldo de 160 mortos, igualmente não havia exigências de abrigos. A Prefeitura considerou exigir em casas novas ou reformadas, mas desistiu porque o custo devido ao solo da região seria “proibitivo”. Mesmo assim, depois do desastre, metade das casas que foram reconstruídas passou a ter abrigos e as escolas receberam os chamados “safe rooms”.

Os códigos de edificação da agora destruída Moore foram estudados profundamente após o tornado de 3 de maio de 1999. Em estudo publicado pela Sociedade de Meteorologia Americana (AMS) em 2002, o pesquisador Timothy Marshall, engenheiro em Dallas, concluiu que a qualidade das construções novas não era, em regra, melhor que as existentes antes do desastre de 1999. Não basta ouvir meteorologistas. É preciso também ouvir engenheiros.