As imagens de satélite da América do Sul nas últimas horas estão entre as mais bonitas dos últimos meses, graças a um ciclone extratropical intenso que atua no Atlântico Sul e que impulsiona ar polar para o Cone Sul, inclusive para o Sul do Brasil. Às 21h, fazia só 5,7ºC em Farroupilha, 6,2ºC em São José dos Ausentes, 6,5ºC no Parque do Caracol em Canela, 7,0ºC em Bagé e Livramento, e 7,1ºC em Vacaria, marcas muito baixas para o horário, considerando que estamos na metade de abril. Encaminha-se, assim, como a MetSul Meteorologia tem alertado há vários dias que o amanhecer deste domingo será o mais frio até agora em 2013 no Rio Grande do Sul com mínimas ao redor de 0ºC na Serra, sobretudo em baixadas e vales, e entre 5ºC (zonas rurais) e 7ºC (áreas urbanas) aqui na região metropolitana. Deve gear na maioria das regiões no interior gaúcho.
A estimativa é que a pressão atmosférica mínima no centro deste ciclone extratropical ao Norte/Nordeste das Ilhas Malvinas seja de 975 hPa 978 hPa, neste momento, o que indica um ciclone intenso. O vento intenso, contudo, está em alto mar a uma grande distância do continente e nem mesmo as Malvinas, ponto de terra mais próximo do centro do sistema, registra vento muito intenso. Dados de Mount Pleasant mostram que as rajadas máximas no local foram de 40 km/h neste sábado e às 21h de hoje fazia 7ºC com céu encoberto no aeroporto local. O grande efeito mesmo deste ciclone é trazer ar frio para latitudes médias da América do Sul. Observe o seu posicionamento em relação ao Polo Sul nesta imagem do satélite de órbita polar.
O ponto mais interessante é que este ciclone, que se originou do centro de baixa pressão que passou entre o Uruguai e a Argentina de quinta para sexta com chuva forte, parece estar interagindo com outro logo ao Sul (imagem de satélite abaixo). Logo é possível que esteja ocorrendo o que se chama de Efeito Fujiwhara, uma interação entre dois vórtices ciclônicos, o que certa feita já chamamos de “dança dos ciclones”. O efeito Fujiwhara foi primeiro explicado pelo Dr. Sakuhei Fujiwhara, chefe do Escritório de Meteorologia do Japão, após a Primeira Guerra Mundial. Em 1921, ele escreveu trabalho descrevendo os movimentos de vórtices na água. A interação não ocorre somente em ciclones tropicais (furacões, tufões e tempestades tropicais) e pode se dar em qualquer lugar no mundo, inclusive aqui no Atlântico Sul, onde são comuns ciclones extratropicais.
Este ciclone deve seguir atuando ainda durante a primeira metade da semana, gerando enorme pista de vento no Atlântico Sul, o que vai trazer importante agitação marítima. A mídia tem batido muito em aviso de mar agitado para este domingo, porém para a MetSul o grande risco de ressaca e mar agitado nas costas do Brasil é no decorrer da semana. Aqui para os litorais do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, a agitação do mar deve aumentar muito entre terça e quarta com risco alto de ressaca. O mar também deverá ficar bem agitado na costa do Sudeste do Brasil na metade da semana, especialmente entre a quarta e a quinta-feira com chance de ressaca até forte em pontos dos litorais paulista e do Rio de Janeiro.
