O calor e a falta de chuva extremos fazem parte de uma realidade crítica e com perspectivas negativas a curto prazo do ponto de vista meteorológico para quem vive no país lusitano. Segundo avaliação do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera), janeiro de 2022 foi o 6º mais seco desde 1931 e o 2º mais seco desde 2000. Nenhum ano supera 2005,  quando o país português teve o janeiro mais seco deste século, coincidindo com a seca registrada no Rio Grande do Sul.

O valor médio da quantidade de precipitação foi correspondente a 12% do esperado, o volume de 13,9 mm foi muito inferior ao valor normal 1971-2000. Durante o mês apenas se verificou a ocorrência de precipitação nos primeiros 10 dias e foi pouquíssimo significativa. Ressalta-se ainda que em cerca de 75 % do território os valores da quantidade de precipitação foram inferiores a 10 mm. Em relação a temperatura, o mês de janeiro foi o 5° mais quente desde 2000. Nesse ínterim, a média da temperatura máxima foi a mais alta dos últimos 90 anos.

Todo esse cenário climático de janeiro agravou a seca que afeta o país desde outubro de 2021. Em seu último relatório climatológico divulgado no começo de fevereiro,  com base na análise dos dados de precipitação e umidade do solo, o IPMA avaliou que Portugal tem seca moderada em 54% do seu território, com 34% em seca severa e 11% em seca extrema. O grau de severidade da seca meteorológica no final de janeiro de 2022 é superior ao que se verificou nos anos de 2012, 2018 e 2019, mas ainda é ligeiramente inferior quando comparado com a situação em 31 de janeiro de 2005 (seca mais intensa desde 2000).

AFP

Instituto avalia que seca ainda vai piorar

O último boletim climático divulgado pelo IPMA avalia que seria “muito provável o agravamento da situação de seca meteorológica no final de fevereiro, em todo o território do continente”. “Para a situação de seca diminuir significativamente ou mesmo cessar no mês de fevereiro, seria necessário que nas regiões do Norte e Centro ocorressem quantidades de precipitação superiores a 200/250 mm e na região Sul superiores a 150 mm, situação que somente ocorre em 20% dos anos”, diz o instituto de meteorologia. Modelos de clima indicam tendência de recuperação da chuva ao longo da primavera (outono no Hemisfério Sul)/, com pelo menos mais 10 semanas de chuva muito escassa na região.

A MetSul que avalia que nos próximos 10 dias praticamente não chove na região. Modelos atmosféricos indicam que o tempo seguirá firme com amplas aberturas de sol pelo menos até o sábado em grande parte de Portugal continental, com chance de instabilidade entre o domingo dia 13 e a segunda dia 14 devido à passagem de uma frente fria que poderá gerar baixos acumulados, especialmente em partes do Centro e Norte do país, com expectativa de volumes que não deverão somar muito mais que 10 mm.