Porto Alegre pode ter em apenas uma semana mais do que chove, em média, em todo os meses do outono somados, alerta a MetSul Meteorologia. Os acumulados na capital gaúcha já são excessivamente altos, com marcas até acima de 200 mm, e a previsão é que siga chovendo nos próximos dias e em vários momentos com intensidade moderada a forte com pancadas por vezes torrenciais.
De acordo com as estações do Instituto Nacional de Meteorologia, os acumulados desde sábado na capital gaúcha somam 206 mm no Aeroclube do Rio Grande do Sul, em Belém Novo, no Sul da cidade, e 194 mm na estação de referência climatológica do bairro Jardim Botânico.
Na rede do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres, os acumulados desde sábado são de 197 mm no Cristal, 187 mm na Serraria, 179 mm no Partenon e 171 mm no bairro Agronomia.
As média de chuva históricas mensais de Porto Alegre pela série 1991-2020 são de 103,3 mm em março; 114,4 mm em abril e 112,8 mm em maio. Ou seja, a média de chuva do outono climático inteiro (trimestre março a maio) é de 330,5 mm.
Como já choveu 206 mm na cidade, basta que chova mais 124 mm para que a média de precipitação do outono inteiro na capital gaúcha seja excedida. Isso é absolutamente factível, uma vez que os modelos numéricos indicam acumulados superiores a 124 mm até o final desta semana.
Nesse sentido, a maioria dos modelos aponta acumulados de precipitação entre esta quarta-feira e o sábado de 150 mm a 200 mm com alguns chegando a projetar marcas acima de 200 mm. O mapa abaixo mostra a projeção de chuva acumulada em 72h até 9h de sexta, conforme o modelo WRF inicializado com o modelo europeu.
Além de chuva por vezes forte a intensa, Porto Alegre tem risco de novos períodos com muitos raios, como ocorreu no final da segunda-feira e na madrugada de hoje. Mesmo o risco de temporal não é afastado na chegada de uma frente fria no começo da quinta-feira.
A Prefeitura de Porto Alegre decidiu reforçar a partir da noite desta terça-feira as ações de orientação à população que reside nas áreas de risco para deslizamento. O município também montou dois abrigos para receber famílias desabrigadas.
Porto Alegre: segue a chuva! Metade da pista da ciclovia desabou. pic.twitter.com/gdHLGn2xxO
— Fernando Oliveira (@fernao_berthold) April 30, 2024
A Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) acolhe 29 pessoas indígenas em um abrigo localizado no bairro Restinga. Uma segunda estrutura está pronta para receber famílias no bairro Ponta Grossa. Até às 18h, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) registrou 37 ocorrências por acúmulo de água, queda de árvores e semáforos fora de operação. A faixa da esquerda da avenida Ipiranga, no sentido Centro-bairro, foi bloqueada entre as ruas Ramiro Barcelos e Silva Só. A medida foi tomada em razão de desmoronamento no talude do local.
O nível do Guaíba no Cais Mauá, no Centro, estava em 1,46 metro. O nível atualmente está mais de meio metro abaixo da cota de cheia de 2 metros, mas sobe e a avaliação da MetSul é que haverá cheia. Assim, moradores das ilhas da capital devem se preparar para a perspectiva de enchente nos próximos dias, especialmente na semana que vem.
As águas dos rios contribuintes (Jacuí, Taquari, Caí, Gravataí e Sinos) tardam dias para alcançar o Delta do Jacuí, na área de Porto Alegre. Quase toda a vazão da chuva já ocorrida ainda não chegou e tem mais chuva extrema para cair nos rios contribuintes.
Não é possível estimar a altura que o Guaíba possa chegar, uma vez que o evento de instabilidade recém está na sua metade, mas o cenário de uma grande cheia não pode ser descartado com o que já choveu e ainda vai chover nas bacias dos rios contribuintes. A cheia do Jacuí, principal contribuinte do Guaíba, deve ser de grandes proporções.
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