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O amanhecer desta segunda-feira foi marcado por belas imagens de nevoeiro na cidade de Porto Alegre. Um banco de nevoeiro se formou sobre as águas do Guaíba e avançou para áreas junto ao manancial, como o Centro e o bairro de Praia de Belas. Prédios do Centro e perto da orla ficaram entre as nuvens baixas.

MARIA EDUARDA FORTES/CORREIO DO POVO

Trata-se de um episódio de nevoeiro de evaporação que é causado pela passagem do ar frio sobre águas mais quentes. O tempo abriu na madrugada com escassa nebulosidade e o resfriamento se acentuou sob uma atmosfera mais úmida.

A temperatura mínima hoje em Porto Alegre no Lami, no extremo Sul da cidade, foi de 12,8ºC. Em Belém Novo, também mais ao Sul da cidade, a queda da temperatura foi maior com mínima de 10,7ºC. No Jardim Botânico, na zona Leste, os termômetros indicaram 13,8ºC. No Aeroporto Salgado Filho, na zona Norte, a mínima desceu a 13,0ºC.

Quando parte da água relativamente quente evapora em camadas baixas de ar, ela aquece o ar, fazendo com que suba e se misture com o ar mais frio que passou sobre superfície. O ar quente e úmido esfria à medida que se mistura com o ar mais frio, permitindo a ocorrência de condensação e nevoeiro.

Porto Alegre é uma das áreas mais propensas a nevoeiro no Brasil e as razões são de natureza geográfica. Além de estar no Sul do Brasil, onde a atuação do ar frio favorece uma maior ocorrência do fenômeno, a capital gaúcha está cercada por vários rios e tem ainda por cima ao lado um lago (Guaíba), sem mencionar a Lagoa dos Patos.

A presença de rios ainda faz com que a região de Porto Alegre seja utilizada na plantação de arroz, o que faz com que muitas áreas ao redor da cidade sejam alagadiças. O que não falta, assim, é umidade em superfície.

Quando o ar é resfriado pela perda noturna de radiação, surgem as condições favoráveis para a formação de bancos de nevoeiro junto aos rios, especialmente em vales, tal como nevoeiro de vapor sobre os mananciais d’água.

Essas ocorrências são comuns no outono, quando a água ainda está mais quente e o ar já está sendo resfriado. As noites ficam mais frias, a temperatura cai mais, e as águas quentes trocam umidade com a camada de ar frio que está logo acima da superfície.

As moléculas do manancial de água, como o Guaíba, estão sempre evaporando, levando umidade para o ar. Quanto mais quentes as águas, maior a evaporação e maior a presença de umidade no ar. Se uma noite fria e de céu claro é registrada, aproximando-se a temperatura do ponto de orvalho, o nevoeiro começa a se formar e neste tipo de situação, em regra, é raso, o que permite ver até o topo dos prédios mais altos. Foi o que se viu hoje em Porto Alegre.

MARIA EDUARDA FORTES/CORREIO DO POVO

MARIA EDUARDA FORTES/CORREIO DO POVO

SERGIO VOLKMER

Estudo publicado em 2009 por Daniel Zanotta e outros autores, a partir de sensoriamento remoto pelo satélite NOAA-AVHRR, ofereceu números que ajudam a melhor entender a alta frequência de formação de nevoeiro na área de Porto Alegre.

Conforme o estudo, com medições de satélite entre agosto de 2007 e julho de 2008, período esse que foi de La Niña, a variação espacial da temperatura do período diurno é maior do que no período noturno. Os técnicos apuraram que a média da variação diurna foi de 4,7°C e de 2,7°C durante a noite.