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Os bombeiros que combatem os incêndios florestais em Los Angeles enfrentaram desafios devido à escassez de água doce. Pilotos utilizando aviões Super Scoopers recorreram à água do mar, coletando e despejando 5.700 litros por vez para combater as chamas.

CALFIRE

Embora a água do mar seja um recurso abundante, ela apresenta desvantagens significativas, como danos ao equipamento de combate a incêndios devido à corrosão causada pelo sal e potenciais impactos prejudiciais aos ecossistemas que não estão acostumados à exposição salina.

Os arbustos ao redor de Los Angeles, por exemplo, podem sofrer estresse ou morrer devido ao acúmulo de sal. Os impactos ecológicos do uso de água do mar podem ser analisados por meio de estudos sobre a elevação do nível do mar.

Pesquisas como o experimento TEMPEST, conduzido pelo Smithsonian Environmental Research Center, exploram como os ecossistemas reagem à exposição à água salgada. Nesse experimento, parcelas de florestas costeiras são intencionalmente inundadas com água salgada por períodos controlados para simular inundações provocadas por tempestades.

Nos testes iniciais, com exposições de 10 a 20 horas, os danos visíveis às florestas foram mínimos, embora sinais sutis de estresse, como a absorção mais lenta de água pelas árvores tenham sido observados.

No entanto, após uma exposição de 30 horas em 2024, o ecossistema apresentou estresse significativo, incluindo folhas que ficaram marrons precocemente e a perda total do dossel até setembro.

Esses efeitos não foram observados nas parcelas tratadas com água doce, destacando os riscos únicos associados à água salgada. A exposição prolongada ao sal pode ter efeitos em cascata na química e estrutura do solo.

No experimento TEMPEST, exposições mais curtas à água salgada foram mitigadas por chuvas subsequentes, que ajudaram a lavar o sal do solo. Contudo, uma seca após o teste de 2024 deixou o sal acumulado no solo, exacerbando o estresse das árvores.

Além disso, a água da chuva que filtrava pelo solo após a exposição à água salgada tornou-se marrom, devido à lixiviação de compostos de carbono provenientes de materiais vegetais em decomposição. O sal também alterou as partículas do solo, comprometendo sua estrutura e potencialmente reduzindo a resiliência do ecossistema a longo prazo.

Embora a água do mar seja um recurso crucial no combate a incêndios quando a água doce está indisponível, seu uso ressalta a importância de compreender suas consequências ecológicas.

O aumento das temperaturas globais e a aceleração da elevação do nível do mar aumentam a probabilidade de exposição à água salgada em regiões costeiras, ameaçando florestas, terras agrícolas e áreas urbanas.

Essas mudanças, impulsionadas pelas mudanças climáticas, já estão transformando alguns ecossistemas em “florestas fantasmas”, com árvores mortas devido à exposição persistente à água salgada.

Equilibrar a necessidade imediata de combater incêndios com a saúde a longo prazo dos ecossistemas representa um desafio significativo. Pesquisas como o experimento TEMPEST fornecem insights valiosos para a gestão desses impactos e destacam as implicações mais amplas das mudanças climáticas para os ambientes costeiros. (Com informações de Patrick Megonigal em The Conversation)

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