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O ano da grande enchente no Rio Grande do Sul foi o mais quente já registrado no planeta desde que se iniciou o período moderno de observações e 2024 foi ainda o primeiro ano que provavelmente a temperatura planetária excedeu 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

MET OFFICE

O ano passado registrou a temperatura mais alta de qualquer ano desde 1850 e será o décimo primeiro ano consecutivo, na série de dados do HadCRUT do Met Office da Inglaterra, que igualou ou excedeu 1,0°C acima da média do período pré-industrial (1850-1900).

A temperatura média global em 2024 foi de 1,53 ±0,08°C acima da média global de 1850-1900, de acordo com a série de temperaturas HadCRUT5, compilada pelo Met Office, pela Universidade de East Anglia e pelo Centro Nacional de Ciências Atmosféricas do Reino Unido.

Portanto, 2024 é o ano mais quente já registrado e provavelmente o primeiro ano-calendário a exceder 1,5°C. O valor de 2023, de 1,46°C, superou o recorde anterior de 2016 em 0,17°C, tornando 2024 e 2023 os anos mais quente e o segundo mais quente já registrados.

Vários centros climáticos globais divulgarão hoje seus dados de temperatura média para 2024 e a tendência é que todos apontem o mesmo: 2024 foi o ano mais quente da história de observações.

Os dados mais recentes de 2023 e 2024 destacam como o mundo está se aproximando de ultrapassar a meta de 1,5°C do acordo do clima de Paris, que considera a média de temperatura a longo prazo e não apenas de um único ano.

Colin Morice, do Met Office, comentou que “um único ano excedendo 1,5°C acima dos níveis pré-industriais não significa uma violação do limite de 1,5°C do Acordo de Paris, que exigiria uma temperatura de pelo menos 1,5°C em média por um período mais longo como décadas. No entanto, mostra que a margem para evitar esse limite, por um período sustentado, está cada vez mais estreita”.

O professor Rowan Sutton, diretor do Met Office Hadley Centre, acrescentou que “por si só, 1,5°C não representa um ponto crítico em termos de impactos climáticos, mas cada fração de grau de aumento na temperatura global aumenta a frequência e a gravidade de eventos climáticos extremos”.

Destacou ainda que o aquecimento “compromete o mundo a maiores elevações do nível do mar e aumenta o risco de ultrapassar pontos de inflexão planetários, como o colapso do bioma da floresta amazônica ou das camadas de gelo na Groenlândia ou na Antártida”.

O nível atual de aquecimento global (relevante para o Acordo de Paris) mede o aquecimento global desde condições pré-industriais, sem a influência das variações de temperatura de ano para ano. Estimativas múltiplas apontam para um nível atual de aquecimento global de 1,3°C.

A maior parte do aumento de temperatura desde os tempos pré-industriais está associada ao aumento de gases de efeito estufa na atmosfera, provenientes de atividades humanas, notadamente as emissões de dióxido de carbono.

O professor Tim Osborn, diretor da Unidade de Pesquisa Climática da UEA, destacou que “o mundo como um todo ainda não começou a reduzir o uso de gás fóssil, petróleo e carvão, de modo que as emissões de CO2 ainda não atingiram o pico e, como resultado, a temperatura global continua a subir, conforme previsto pelos cientistas climáticos”.

“Sobreposta à tendência de longo prazo, estão pequenas variações que, tipicamente, duram um ou dois anos e surgem principalmente de variabilidade natural. Essas pequenas variações de 0,1 a 0,2°C podem temporariamente elevar ou reduzir a temperatura global em relação à sua tendência subjacente e fazer com que um ano específico, como 2024, exceda 1,5°C, mesmo que o aquecimento subjacente ainda não tenha atingido esse nível”.

Uma fonte-chave dessa variabilidade natural de ano a ano é o El Niño-Oscilação Sul (ENOS), um padrão de variabilidade climática no Pacífico tropical que impulsiona modestos aquecimentos e resfriamentos anuais do clima global.

Um evento El Niño adiciona cerca de 0,2°C à temperatura global anual e um de La Niña traz modesta diminuição do aquecimento. O El Niño afetou os valores de temperatura em 2024 e 2023. Eventos La Niña, por sua vez, atenuaram ligeiramente os valores de temperatura global em 2021 e 2022. Apesar do leve resfriamento no Pacífico tropical, a temperatura da superfície dos oceanos foi recorde em 2024.

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