Ruas dos bairros Navegantes e São Geraldo apresentavam acúmulo de água e alagamentos na manhã desta quinta-feira em consequência da cheia do nível do Guaíba, que atingiu hoje um dos níveis mais altos dos últimos 80 anos como efeito do excesso de chuva no estado e o vento do quadrante Sul.
Costumeiramente, sempre que o nível do Guaíba excede a cota de 2,60 metros começam a se registrar pontos com acúmulo de água e alagamentos na Avenida Voluntários da Pátria e ruas tranversais, especialmente na área da Rua Ernesto da Fontoura, junto à loja das Ferramentas Gerais.
Não se trata de transbordamento do Guaíba, uma vez que a região está protegida pelo dique, no caso a Avenida Castelo Branco. Ocorre, por vasos comunicantes, o retorno das águas do Guaíba pela rede pluvial. A água sai das bocas de lobos e acaba alagando as ruas na área do Quarto Distrito.
Por isso, o sistema de contenção de cheias da cidade de Porto Alegre, além dos diques e do Muro da Mauá, conta com uma série de casas de bomba para evitar o refluxo das águas do Guaíba para dentro da cidade quando atinge níveis muito altos.
As cenas da manhã de hoje de alagamentos pela cheia do Guaíba se repetiram muitas vezes no inverno e na primavera de 2015, quando do Super El Niño, que trouxe sucessivas cheias de grande porte do Guaíba, em Porto Alegre.
A MetSul Meteorologia percorreu a Voluntários da Pátria e ruas tranversais nesta manhã e registrou os alagamentos provocados pelo refluxo das águas do Guaíba no Quarto Distrito. Como ocorre tradicionalmente, a área mais crítica estava na Rua Ernesto da Fontoura no cruzamento com a Avenida Missões.
Embora a altura das águas, alguns motoristas se aventuravam em cruzar o alagamento na esquina das Missões com a Ernesto da Fontoura. Alguns motoristas acabaram perdendo as placas dos seus carros no grande ponto de alagamento que se estendia por mais de cem metros no cruzamento.
O nível do Guaíba subiu muito durante a madrugada de hoje em Porto Alegre e atinge uma das maiores cotas observadas oficialmente na cidade desde a enchente de 1941, superando alguns dos picos de cheias das grandes enchentes do Super El Niño de 2015-2016, quando o Guaíba passou por uma série de cheias de grande porte.
O nível do Guaíba estava em 2,40 metros às 21h de quarta, mas subiu acentuadamente durante a madrugada de hoje e atingia 2,70 metros na leitura da régua do Cais Mauá, junto ao Centro da capital, no meio da manhã desta quinta-feira. Esta cota, que foi o pico desta cheia até agora, somente é superada desde 1941 pelas cheias de outubro de 2015 (2,97 metros) e de 1967 (3,13 metros).
Fortes rajadas de vento do quadrante Sul na Lagoa dos Patos nas últimas horas, por conta de ciclone, acabaram por gerar um efeito esperado de represamento com consequente alta pronunciada do nível. As rajadas ficaram entre 70 km/h e 80 km/h sobre a lagoa e passaram de 60 km/h em Porto Alegre.
No momento, não se observa risco iminente de transbordamento no Centro de Porto Alegre, onde a cota de extravasamento no cais é de 3,00 metros e na Avenida Mauá de 3,20 metros. Às 10h, com a redução do vento, o nível já havia baixado para 2,67 metros.
O cenário é misto para os próximos dias. A vazão do Jacuí, principal contribuinte, vai aumentar muito com a chegada do grande volume que caiu de chuva no Centro do estado. O Taquari, o segundo maior contribuinte, por outro lado, observa alta, mas não teve muita chuva em suas cabeceiras e bacia na Serra. O vento passa a ser do quadrante Norte amanhã e no fim de semana, cessando o represamento, e não há expectativa de chuva até segunda.