A MetSul Meteorologia alerta que as condições meteorológicas serão muito adversas e de perigo nas próximas horas no Sul do Brasil com risco elevado de chuva forte a intensa com elevados volumes e ainda temporais isolados que podem trazer vendavais em pontos localizados, capazes de provocar danos. Começa um processo de ciclogênese (formação de ciclone extratropical) que vai dar origem a uma tempestade marítima muito próxima da costa gaúcha.
A intensa instabilidade é consequência de uma área de baixa pressão que se moveu nas últimas horas do Nordeste da Argentina para o Rio Grande do Sul e que no decorrer da noite desta quinta-feira e do começo da sexta vai se aprofundar no território gaúcho antes de dar origem a um ciclone extratropical a Sudeste do estado nesta sexta.
A área de baixa pressão que atua sobre o Rio Grande do Sul trouxe chuva em todas as regiões nas últimas horas e que foi forte em diversas localidades, acumulando somente durante este feriado 50 mm a 100 mm em municípios como Santiago, Alegrete, Frederico Westphalen, Erechim, Uruguaiana, Itaqui, Horizontina, etc. O vento Leste ainda soprou forte com rajadas por vezes intensas em diversos locais.
Por que as próximas horas preocupam? A área de baixa pressão nesta sexta-feira vai dar origem a um ciclone extratropical no começo do dia muito perto da costa, logo a Leste e a Sudeste do Chuí. No decorrer do dia, o ciclone se intensifica nos litorais do Uruguai e do Rio Grande do Sul com a pressão central caindo a valores abaixo de 990 hPa.
O aprofundamento da baixa pressão sobre o Rio Grande do Sul e a posterior formação do ciclone impulsionam ar mais frio, que trazia hoje à tarde temperatura muitíssimo baixa para novembro no Centro da Argentina, para o Norte e o Nordeste argentino nesta sexta.
Com isso, uma frente fria associada ao ciclone organiza-se sobre o Sul do Brasil e avança pela região com chuva forte a intensa e temporais de vento, que isoladamente podem ser fortes a severos, na noite de hoje e durante a sexta. Há potencial para a formação de células de tempestades isoladas que podem provocar vendavais fortes.
O risco é maior de tempo severo nesta noite e durante a sexta na Metade Norte gaúcha, em Santa Catarina e no Paraná, mas os temporais avançarão para o Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil, onde devem ser esperadas tempestades localizadas com vendavais e chuva forte, especialmente da tarde para a noite desta sexta.
A frente fria, ao se deslocar pelo Sul do Brasil, trará ainda muita chuva. Chove muito na noite desta quinta em setores do Norte e da Metade Leste do Rio Grande do Sul, incluindo a área de Porto Alegre. No decorrer da sexta, à medida que a frente avança pelo Sul, a chuva intensa atingirá muitas áreas de Santa Catarina e no Paraná. Há risco de volumes extremos de 100 mm a 200 mm em poucas horas em pontos do estado catarinense, por exemplo.
Os mapas abaixo mostram as projeções de chuva para a noite desta quinta-feira, e madrugada, manhã, tarde e noite desta sexta, pelo modelo do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF) em que se observa como a instabilidade será intensa com volumes altíssimos em curto período em algumas áreas.
Os volumes de chuva excessivos das próximas horas no Sul do Brasil podem trazer alagamentos, inundações repentinas, subida de arroios e córregos, e cheias de rios. Áreas de relevo ainda podem ter deslizamentos de terra e quedas de barreiras. Muita atenção em cidade do Oeste de Santa Catarina e do Oeste e o Sudoeste do Paraná.
À medida que o ciclone se aprofunda na costa, o vento sopra moderado a forte nesta sexta em todas as regiões gaúchas com rajadas, em média, de 50 km/h a 80 km/h, mas que podem atingir de 80 km/h a 100 km/h, isoladamente superiores, na Lagoa dos Patos. O pior do vento entre esta sexta e o sábado vai se dar na faixa costeira, onde são esperadas rajadas entre 70 km/h e 90 km/h, mas que em alguns pontos do litoral podem ficar ao redor dos 100 km/h ou mais. Há risco de queda de árvores, postes, falta de luz e destelhamentos localizados.
Nesta sexta, no começo do dia, a baixa pressão estará sobre o Rio Grande do Sul e se aprofunda, já com o processo de ciclogênese, avançando para a costa no decorrer do dia, onde se intensifica ainda mais como um ciclone extratropical que vai estar com seu centro (B), estimado pelos modelos em até 995 hPa, muito perto do Litoral Sul gaúcho entre o Chuí e Rio Grande, sobre o Oceano Atlântico.
No sábado, o ciclone vai estar sobre o Atlântico ainda perto dos litorais do Rio Grande do Sul e do Uruguai no começo do dia, ainda mais intenso e com pressão projetada por vários modelos entre 980 hPa e 985 hPa, mas no decorrer do período o sistema se afasta do continente no sentido Leste-Sudeste enquanto um centro de alta pressão com ar mais frio começa a tomar conta do Sul do Brasil.
No domingo, por sua vez, o ciclone já estará distante da costa. Uma massa de ar mais seco e frio cobre o Rio Grande do Sul no final de semana, associada a um centro de alta pressão (A) que vai estar durante o dia posicionado sobre o Rio da Prata.
Por isso, o tempo melhora e firma neste fim de semana no Rio Grande do Sul. O sol, que já pode aparecer em algumas cidades gaúchas nesta sexta, por conta da circulação ciclônica que costuma trazer alternância de sol, nuvens e chuva, passará a predominar no decorrer do fim de semana.
Embora o ciclone se afaste no fim de semana, tanto o sábado como o domingo devem ter forte a intensa agitação marítima na costa. Já nesta sexta, o mar pode ficar muito agitado no Litoral Sul, na região do Hermenegildo e Rio Grande. Espera-se ressaca do mar no litoral, uma vez que o vento muito intenso sobre o oceano, em alto mar, de 120 km/h a 150 km/h, vai gerar um swell significativo. É extremamente desaconselhada a navegação com embarcações pequenas na costa e em águas interiores como o Lago Guaíba e a Lagoa dos Patos.
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