Uma cena insólita espantou moradores e quem passavam nesta quinta-feira pela Avenida Borges de Medeiros, na área central de Porto Alegre. Com o recuo das águas do Guaíba, peixes podiam ser vistos em poças d´água e nas ruas de uma das principais vias do Centro da capital e do bairro Praia de Belas.
Conforme reportagem do jornal Correio do Povo, que esteve no local e fez os registros, na esquina da avenida Borges de Medeiros com a rua Dolores Alcaraz Caldas, no bairro Praia de Belas, alguns peixes espalhavam-se pelo chão e chamaram a atenção de quem passava pelo local.
“Em poucos minutos caminhando pelo local foi possível contabilizar ao menos duas dezenas de peixes mortos no chão, muitos deles esmagados. Os animais são de pequeno porte, semelhantes a lambaris”, relatou o repórter Rodrigo Thiel.
Como os peixes do Guaíba acabaram parando em uma das principais ruas do Centro sem que o Guaíba tivesse transbordado e alcançado aquela área. A explicação está no refluxo da rede pluvial.
Ontem, tanto no bairro Praia de Belas como no bairro São Geraldo, nas imediações da Avenida São Pedro, as águas do Guaíba refluíam pela rede de esgotos, gerando alagamentos. Os peixes acabaram vindo pelo refluxo das águas do Guaíba para dentro da cidade com o nível muito alto.
A MetSul Meteorologia esteve ontem no bairro São Geraldo durante grande parte da manhã, no momento em que a enchente atingia o seu pico, e registrou um bueiro na esquina da Polônia com a Voluntários da Pátria jorrando água do Guaíba para fora no bairro São Geraldo, no Quarto Distrito.
🔴 AGORA | Alagamento piora a cada minuto na Voluntários. Via terá que ser fechada. Nos últimos minutos, bueiro na esquina da Polônia e Voluntários começou a jorrar água do Guaíba para fora, agravando inundação. Situação tende a piorar com aumento das áreas alagadas. 📷 @metsul pic.twitter.com/TESpCxQjdO
— MetSul Meteorologia (@metsul) September 27, 2023
A área em que os peixes foram encontrados hoje ficou completamente inundada na enchente de 1967, quando a cota máxima foi de 3,13 metros, inferior à observada ontem. Ocorre que em 1967 não havia o dique da Avenida Beira-Rio e as águas avançaram até a Borges de Medeiros, onde hoje estão os prédios do IPE e do Tribunal de Justiça.
A cheia de ontem foi a maior desde 1941. O nível máximo na tarde da quarta-feira no Cais Mauá, junto ao Centro, foi de 3,18 metros. Com isso, a cota superou as das grandes enchentes de 1967 (3,13 metros) e 2015 (2,97 metros), mas ficou muito abaixo dos 4,76 metros da maior cheia do Guaíba da história, de maio de 1941.