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Enchente de 1941 foi a maior em Porto Alegre e seu sob El Niño | CP MEMÓRIA

Uma série de anos do passado frequentou o noticiário e alguns dos muitos depoimentos dos flagelados pela maior cheia do Guaíba em 82 anos. As menções a 1941, 1967 e 2015 foram recorrentes, afinal estes anos foram de enchentes históricas em Porto Alegre com marcas raramente observadas.

O nível máximo observado na tarde da quarta-feira no Cais Mauá, junto ao Centro de Porto Alegre, foi de 3,18 metros. O nível superou o das grandes enchentes de 1967 (3,13 metros) e de 2015 (2,97 metros), mas ficou muito abaixo dos 4,76 metros da maior cheia do Guaíba e de proporções imensas de maio de 1941.

Grande parte das enchentes históricas da cidade de Porto Alegre tem um protagonista em comum, e que está a milhares e milhares de quilômetros da capital gaúcha. Trata-se do fenômeno que é um velo conhecido dos gaúchos, o El Niño, caracterizado por aquecimento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico na faixa equatorial.

Embora existam dados na literatura sobre as condições do Pacífico antes de 1950, muitos deles não são consensuais. Em 1928, Porto Alegre registrou grande enchente com o Guaíba atingindo 3,20 metros, mas na literatura técnica o ano é classificado como de La Niña ou neutro (sem Niño ou Niña), conforme cada estudo.

O El Niño que acompanhou a maior de todas as enchentes, no outono de 1941, entretanto, é um consenso científico. Os estudiosos identificaram um forte evento que, por exemplo, levou a uma seca devastadora na Austrália, um impacto clássico do fenômeno, e o excesso de chuva no Sul do Brasil.

Dois dos meses com mais chuva na história de Porto Alegre se deram justamente durante o El Niño de 1940-1941: abril de 1941 com 386,6 mm e maio de 1941 com 405,5 mm, ambos superados por este setembro de 2023 com 447,3 mm, o mês mais chuvoso já observado na capital desde o começo das medições em 1910.

Em 1967, quando da cheia de setembro de 3,13 metros, o Pacífico estava mais frio do que a média, mas em 2015 as condições eram de El Niño forte na enchente de outubro de 2,97 metros, tal como agora em 2023.

A história mostra, assim, grande enchentes com ou sem El Niño, mas a maioria das grandes ocorreu sob a presença do fenômeno El Niño ao longo dos últimos 80 anos. O fenômeno está associado ao aumento da chuva no Sul do Brasil com extremos de precipitação.